Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

O mestre

27/03/2010


A partir da época em que meus irmãos me apresentaram o futebol, comecei a verdadeiramente apreciar os bons jogadores, muitos dos quais inevitavelmente passaram a entrar na tela da televisão lá de casa ou nas estações de rádio, como grandes ídolos. Simplesmente heróis, que enchiam meus olhos de alegria e meu coração de esperança, pois a cada jogo, a cada drible, a cada lance, eu via o traço do meu time campeão.

E foi. O Atlético foi várias e várias vezes campeão. E várias vezes eu vibrei, cantei, comemorei. Graças aos meus heróis, meus ídolos, meus campeões. Mesmo por muitas e muitas vezes não sendo o Atlético o campeão e até perdendo jogos, eles continuavam a ser os grandes e inesquecíveis jogadores.

Foi assim com Ziquita, lá nos anos 70... Foi assim com Carlinhos Sabiá, Roberto Costa, Washington, Assis. Foi assim com Joel, o garoto de ouro da Baixada. Foi assim também com Nivaldo, o cara que caiu em campo e que sentado, deu um passe de cabeça ao companheiro de time (aquele gesto de raça me levou ao delírio). Também foi assim com Oséas, Paulo Rink, Ricardo Pinto, Jadson, Fernandinho e Kleberson. Grandes heróis e grandes jogadores que deixaram, para sempre, seus nomes cravados no Clube Atlético Paranaense.

Não sei, e não me lembro, se cheguei a conhecer um jogador no Atlético que pudesse ser tão inteligente a ponto de ser considerado um mestre. Um crânio. Um sábio. Tivemos sim grandes jogadores, mas hoje em dia temos um mestre.

O nome dele é Paulo Baier.

Paulo César Baier, o mestre.

Há motivos de sobra para se curvar diante de Baier. Simples, sensato, coerente, Paulo joga fácil. Fosse em outros tempos, diria que Paulo é o nosso ídolo. Hoje, isso é pouco. Paulo Baier é líder, é comandante, é craque, é simples e mais fácil do que seu belo jeito de jogar futebol, é chamá-lo de mestre.

Mestre. O mesmo que professor. Aquele que ensina uma arte. O chefe. O que mostra as lições. O artífice que dirige outros oficiais, ou trabalha, no momento propício, por conta própria. O cão adestrado para a caça, o melhor cão, o mais inteligente, o que sobreviverá sempre. O cara que recebeu o mérito do terceiro grau. O exímio, o extraordinário, o grande. O ponto de equilíbrio. A referência.

Paulo Baier, em qualquer jogo do Atlético, é o início, o fim e o meio.

Joga de bico, de lado e de peito de pé. Acaricia a bola, trata com carinho a pelota e desliza a redonda na cabeça, passando pelo peito e fazendo-a descansar em seus pés, para só depois fazê-la dormir no barbante.

Ah... como eu queria que o meu Atlético tivesse dois, três ou quatro Paulo’s. Mas Paulo’s que também fosse Baier’s. Paulo’s que não precisassem ser mestres, mas que tivessem, ao menos, metade do talento de Paulo César Baier.

Paulo Baier nos enche os olhos. E com a bola nos pés, dá a tranqüilidade, o alívio e a esperança de que, outra vez, dias melhores virão.

Ao mestre Paulo Baier, muito obrigado!


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