Silvio Rauth Filho

Silvio Rauth Filho, 50 anos, descobriu sua paixão pelo Atlético em um dia de 1983, quando assistiu, com mais 65 mil pessoas ao seu lado, ao massacre de um certo time que tinha um tal de Zico. Deste então, seu amor vem crescendo. Exerce a profissão de jornalista desde 1995 e, desde 1996, trabalha no Jornal do Estado. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2009.

 

 

Bicampeão

02/07/2004


Esse é o ano do Atlético. Com a abertura do mercado europeu, os 23 adversários do Furacão estão se esfacelando e precarizando ainda mais seus modestos elencos. Na contramão dessa onda, o Rubro-Negro se mantém firme, com um grupo de dar inveja a qualquer um.

Ninguém tem hoje um time tão recheado de bons jogadores como Dagoberto, Washington, Jadson, Diego, Marinho, Fabiano, Fernandinho, Adriano e Ilan. É verdade que alguns desses estão em má fase, mas isso passa rápido, principalmente quando o cenário é um campeonato de 46 rodadas. Quando o assunto é talento, o único elenco que pode ser comparado ao do Atlético é o do São Caetano, que tem um time titular forte e um banco muito bem planejado.

Claro que um grupo talentoso não é tudo e diversos outros fatores influem. É só ver o sucesso recente de Figueirense, Criciúma, Santo André, Once Caldas e seleção da Grécia. Ou seja, os times modestos em técnica e fortes na organização estão com tudo. Apesar da “moda das zebras”, ainda acredito que o êxito dessas equipes está ligado à incompetência de seus adversários.

Esse problema, aliás, é o maior adversário do Atlético. Analisando todos os jogos da equipe em 2004 tenho a clara impressão de que o Furacão só perde o título para ele mesmo. Contra o Vitória, o técnico foi inocente ao deixar, em situações de bola parada, apenas dois jogadores para marcar o rápido ataque adversário. Contra o patético Flamengo, tudo deu errado, desde o pênalti de Jádson às trapalhadas da arbitragem. As duas primeiras derrotas – para São Paulo e Figueirense – foram típicas de um clube em crise e, portanto, fazem parte de um passado superado.

Nos outros jogos, o Atlético mostrou um excelente futebol em alguns momentos e instabilidade em outros. Isso é normal, principalmente pelas turbulências recentes - tivemos quatro técnicos em cinco rodadas – e pela indefinição tática – Culpi ainda não consolidou um esquema e as variações têm sido constantes.

Tudo isso, porém, é fácil de superar. Difícil mesmo é ter um grupo tão forte quanto o do Atlético.


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