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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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Não concordo com a demissão de Antonio Lopes. Talvez a única pessoa que me convença de que a atitude foi acertada e realizada no momento correto, seja Leandro Niehues. Só ele, e apenas ele, com este mesmo grupo de jogadores, poderá dar a resposta em forma de resultados.
Concordo que a diretoria possua liberdade e autoridade para tomar decisões de afastamento, mas não concordo, em hipótese alguma, com a justificativa da saída do velho Lopes. Na minha opinião, a culpa pelo mediano rendimento do Atlético em campo não é de Antonio Lopes. Para construir um quadro de produtividade, traçar planos e maximizar rendimentos, qualquer profissional responsável por qualquer área, necessita no mínimo de dois elementos fundamentais: ferramentas e material humano. Lopes tinha (e qualquer treinador terá) ferramentas, mas lhe foi tirado, a partir do início deste ano, material humano.
Além de lhe tirarem material humano (sim, a diretoria de futebol não fez esforço algum para manter jogadores), ainda não lhe ofereceram reposições. Aquela velha história de reposições. E Lopes, desde então, alertava para a importância das reposições. De todas, a única que ainda possui um voto de confiança e podemos dizer até um certo crédito, é Bruno Mineiro, o qual chegou com toda a aprovação da torcida atleticana. Peças importantes como Nei e Wesley, não tiveram reposições. E a culpa, de forma alguma, foi de Lopes. Aliás, se havia alguém que não tinha culpa, este alguém era Lopes. Com o que tinha na mão, fez o que foi possível. Errou? Errou, e errou como erra qualquer treinador do país. E se errou, errou no tempo certo, enquanto ainda era possível, neste ridículo, desmotivante e desastrado campeonato paranaense, o mesmo que até pouquíssimo tempo atrás era tratado como lixo pela diretoria e agora é tratado como a grande prioridade. Contradições, definitivamente, sem fundamentos.
“O nosso time não rendeu o esperado”. Espera lá! Quem não rendeu o esperado? Quem não alcançou os objetivos? Quem fracassou, tinha a obrigação de disparar na primeira colocação do campeonato e hoje esté em segundo? Com toda essa irregularidade, este arremedo de time e toda essa ausência de qualidade técnica, ainda estamos na vice colocação. E a culpa é de quem? De Antonio Lopes? Menos, muito menos pra essa diretoria do Atlético. A culpa é única e exclusivamente de quem é responsável, direta ou indiretamente pelo futebol do clube. Quem contrata e não repõe. Quem muito fala, e pouco faz. Ou quem nada fala, e nada faz. A culpa é de quem aposta (e lá vamos nós de apostas mais uma vez) que Gerônimo, Kaio, Serna, Raul e tantos outros mais sejam a solução para os problemas do Atlético. Lopes sim, este tinha que arrumar a solução. A diretoria não.
Repito, não sou contra decisões de afastamento e renovação no quadro técnico, mas sou absolutamente contra decisões descabidas, sem fundamentos e, principalmente, decisões que tenham como carro chefe a falta de respeito. Mesmo que Lopes tenha obtido o seu “prazo de validade” no Atlético, jamais poderia ser desrespeitado. Jamais. E ficou evidente, diante de todas essas justificativas bisonhas e sem critérios, que faltou o mínimo que pode se esperar de qualquer instituição: respeito.
Mas pelo jeito, desrespeito passou a ser prioridade no Atlético. Prova disso é o desrespeito ao torcedor, querendo por toda a lei empurrar goela abaixo um time candidatíssimo ao rebaixamento. Um time fraco, muito fraco, sem qualquer possibilidade de fazer frente aos muitos bons times do Brasil. Querendo achar que o torcedor é burro, palhaço ou algo do gênero, a diretoria vai empurrando com a barriga, apostando no sucesso dos retornos de Alex Mineiro e Claiton (outros materiais humanos que não puderam participar do trabalho de Lopes) e rezando, ajoelhados e de velas acesas, que Paulo Baier não tenha sequer uma dor de barriga.
O torcedor não é burro, e exige respeito. O torcedor não quer apenas ser informado quando houver reajuste na mensalidade do sócio furacão. O torcedor é parte do clube, e sabe que Raul não é nem de longe o craque da lateral, que Gerônimo não é um ponta direita, que Rhodolfo não é o melhor zagueiro do mundo, que Chico é apenas um reserva, que Alan Bahia é irregular e não joga sob forte marcação, que Tartá ainda é uma incógnita e que Wallyson precisa de um trabalho psicológico, pois alguém precisa dizer pra esse piá que é preciso ter tesão pra jogar futebol. O torcedor sabe, e pra isso nem precisa ser inteligente, que Serna é mais um Zulu ou Brasão.
Antonio Lopes estava chato ultimamente. Estava sendo extremamente insistente ao solicitar contratações. Estava cansado de dizer que era preciso renovar, reforçar o time e buscar mais qualidade. É simples o resumo da ópera. Antonio Lopes, por sua vasta experiência, sabia mais do que Ocimar Bolicenho. Mas Lopes é um velho muito exigente, melhor demiti-lo. Por tudo o que fez pelo Atlético e por todas as marcas que deixou, merecia, no mínimo, respeito. Não merecia um desligamento amador na porta do hotel. Estava sujeito ao afastamento, mas é um grande profisional, e como tal deveria ser tratado. O delegado foi embora chateado, não apenas por saber que estava difícil tirar leite de pedra, mas por ter estendido a mão ao Atlético no momento em que o clube tanto precisava, e do dia para a noite, ter levado um belo pé na bunda. Coisa de clube amador.
Não sou Malucellista, também não sou Petraglista. Não coloco nenhum presidente em pedestal e também não sou puxa saco de qualquer dirigente. Sou atleticano. Meu coração é atleticano, e isso está acima de qualquer coisa. Está acima do bem e está acima do mal.
Eu sou atleticano, e estou atento a todos os movimentos. Estou de olho no trabalho de futebol do Atlético, estou aguardando as peças de reposição e quero um time qualificado. Se Leandro não é Lopes para continuar cobrando, eu e a torcida do Atlético vamos continuar. Não somos otários. Nem eu, nem meus milhares de irmãos atleticanos. E sei que Lopes apenas pagou o preço de um papo que vem se arrastando há pelo menos quatro anos: a maldita falta de qualidade no elenco.
Sou atleticano. E acima de tudo, exijo respeito. A voz do povo é a voz de Deus, e curiosamente, em momento algum, a torcida pediu a cabeça do delegado. É para se pensar...
Ao Professor Antonio Lopes, meu agradecimento e meus respeitos.
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