Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Atletiba com a cara do Coritiba

05/03/2010


Não que o Atletiba deste domingo tenha a cara do Coritiba. É que hoje eu vou contar como é um Atletiba genérico com a cara do Coritiba.

Um Atletiba com a cara do Atlético é fácil de imaginar, basicamente um retrato dos quase 86 longos anos de rivalidade: ou vencemos, com um time inferior tecnicamente, mas que busca forças sabe-se lá de onde e consegue façanhas heróicas, à base de garra e superação, contra tudo e contra todos - contra os interesses do órgão regulador do futebol paranaense, contra bicudos das mais variadas procedências; ou perdemos dignamente, às vezes até de goleada, mas de cabeça erguida, sob os aplausos da honrosa nação atleticana.

Historicamente falando, é claro. Ultimamente, desde o dia em que acordamos e não cabíamos mais no colchão, não é bem assim.

Foi-se a humildade. Somos favoritos. Temos a obrigação do resultado. Temos um elenco mais qualificado. Estamos na primeira divisão. Então invertemos as estatísticas - obtivemos mais triunfos de 2000 a 2009. Em compensação, quando perdemos, saímos de campo sob as vaias da (outrora) honrosa nação atleticana.

E a moral vem a cavalo: no esporte, o importante é vencer? Será possível exigir a estrutura de hoje, com o espírito de ontem?

Porém, hoje eu vou contar como é um Atletiba com a cara do Coritiba. Você sabe como são os Atletibas com a cara do Coritiba?

Contarei.

21 de maio de 1933

Uma forte gripe pegou mais da metade do elenco. Então o Atlético solicitou o adiamento do clássico. Eram outros tempos - o calendário não era rígido, os atletas não eram profissionais. Bem que os dirigentes alviverdes poderiam ter feito uso da elegância, mas negaram o pedido. Resultado: 2 a 1 para os atleticanos. A partida ficou conhecida como o 'Atletiba da Gripe', e o rubro-negro, ainda antes da alcunha 'Furacão', transformou-se no 'Time da Raça'.

1º de dezembro de 1946

O Cireno era muito malandrino. Apenas aos 8 minutos de partida, foi buscar a bola no fundo das redes do Coritiba. De passagem, tirou o gorro da cabeça do arqueiro Bello, deixando à mostra uma lustrosa careca. Este, então, correu para agredir o avante atleticano. Foi expulso. Indignados, os demais jogadores coritibanos simplesmente sentaram-se no gramado. Não quiseram mais brincar.

27 de novembro de 1985

O campeão brasileiro daquele ano convidou o campeão paranaense daquele ano para um amistoso de entrega de faixas. Aos 42 minutos do primeiro tempo, após o gol de Nivaldo, para o Atlético, os jogadores do Coritiba partiram para cima do árbitro, alegando irregularidade no lance. Com dois a menos, expulsos na confusão, e temerosos por uma goleada histórica, os alviverdes promoveram um cai-cai e forçaram o encerramento da partida.


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