Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Avisos e recados

04/03/2010


Nos últimos dias recebi alguns e-mails engraçados, em especial cópias do que alguns coxas debatem no Orkut sobre como “impressionar a torcida lá de baixo” no Atletiba de domingo. Dentre várias bobagens, há idéias boas como a de que cada coxa em um grupo de tantos, entre com uma camiseta branca e nela somente uma letra e que juntas formariam algo como “MAIOR DO ESTADO” ou “SALÃO DE FESTAS”. Criativo, ponto pra eles! Viva o bom humor.

Aliás, para os que não sabem, havia um tempo em que não existia essa babaquice do politicamente correto para tudo e o bom humor imperava. Assim vimos a torcida atleticana jogando pães nos “favelados” da Vila Capanema sob o coro de “ADO ADO ADO, PÃO VELHO PROS COLORADO” (sic). Era uma época diferente, mais humor e as pessoas não ficavam queimadinhas e irritadinhas por qualquer coisa. Imagino que se Os Trapalhões tivessem seu programa hoje em dia, o Ministério Público, instado por algum grupo ecochato ou defensor de alguma coisa tiraria do ar as (engraçadas) brincadeiras homofóbicas, preconceituosas e de mal gosto do Didi e do Zacarias ou mesmo Mussum que tirava sarro de sua própria negritude viesse a ser processado.

Lembro que em 1990, quando os grandes jogos eram todos no Couto e a divisão de torcidas era muito mais racional e justa, integrantes da Fanáticos estavam dentro de campo para acender os fogos quando o time entrasse e de lá soltaram um porquinho pintado de verde que correu todo o gramado para delírio da nação atleticana e vaias e xingamentos dos rivais. Bom humor, fumaça, papel picado, chuva de papel higiênico num tempo em que nos encontrávamos com eles ali perto do estadual e íamos lado a lado um tirando sarro do outro até perto da Igreja do Perpétuo Socorro. Outros tempos...

Mas voltando ao jogo de domingo, aviso os coxas que soltar um cachorro em campo como pensam fazer é complicado, além da torcida do “verdão” que curiosamente não usa verde, que jogava em casa quando estava na 1ª divisão contra Goiás e Palmeiras de branco, pode trazer complicações ainda maiores para seu clube que já está pela boa com os tribunais. Tentar se infiltrar em nossa torcida para começar tumultos como foi aventado também é difícil, já que temos um estádio praticamente tomado de sócios e os poucos ingressos que serão colocados à venda devem cair na mão de atleticanos.

Uma ideia que seria boa se não fosse repetida seria usar máscaras cirúrgicas, só que nós mesmos já fizemos isso e justificados devido a insalubridade do Couto Pereira e quando os coxas foram fazer na Baixada tiveram que ouvir piadas de si próprios, pois colocamos uma faixa indicando com seta SETOR GRIPE SUÍNA apontando para os coxas. Ah, e para aqueles que pretendem se pendurar no alambrado, desculpa, mas não temos isso na Baixada. Ah, os que querem fazer avalanche também desculpa, porque nosso estádio é repleto de cadeiras. Desculpa, foi mau!

No mais deixo a sugestão: cantem bastante para ajudar seu time. Será o primeiro jogo do coxa diante de um time de 1ª divisão, antes mesmo do que nós, olhem que honra! Já que não poderão levar sinalizadores e fazer o “grin réu” que deveria ser assim chamado depois dos lamentáveis episódios de 06 de dezembro, girem a camisa, sei lá.

Uma coisa lhes digo: não vamos lançar fumaça colorida sobre suas caras, nem colocá-los num lugar no estádio em que esteja para ocorrer um massacre e tampouco vamos ter uma direção conivente com isso, colocando caixas de som a todo volume e balões infláveis de patrocinadores na sua frente lhes impedindo de ver a partida.

Não contem conosco também para termos uma imprensa que foi conivente com tudo isso, não publicizou os problemas de racismo ocorridos no Couto Pereira, não apurou devidamente os fatos do extintor jogado sobre nossas cabeças num clássico lá realizado e vende esse peixe do “grin réu” com um ineditismo que não lhe cabe, pois basta clicar aqui e ver que o que fizeram em 2009, já fazíamos em * 1996, ou seja, há muito tempo atrás. Aliás, olhem, admirem e aprendam com o Mosaico atleticano que espero seja notado pela imprensa local assim como todas as cópias que foram feitas Brasil afora o foram.

Vamos para a Baixada torcer, vibrar e fazer festa e espero que possamos sair comemorando uma importante vitória. Mas se lembrem que o jogo é somente um jogo e nada mais que um jogo. Não vale a vida de ninguém.

* empate em zero diante do Guarani pelo Brasileiro daquele ano. A curiosidade, além do show nas arquibancadas ficou por conta de um helicóptero que pousou no gramado logo após o término da partida para levar os poloneses Nowak e Piekarski para o aeroporto, de onde iriam para São Paulo e de lá para a Europa jogarem pelo seu país.


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