Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

A arte da guerra

27/02/2010


Foi inevitável. Toda a torcida atleticana vem acompanhando a batalha travada pela atual diretoria dao Atlético contra Petraglia. O assunto explodiu em blogs, sites, na imprensa esportiva, nas conversar em bares, restaurantes e lojas.

Como vivemos em uma cidade que ainda insisto ser pequena, não em seu número de habitantes, mas nas relações sociais que você estabelecer dentro dela, um sem número de boatos sobre a vida do Atlético circulam a todo instante. Mas há fatos que merecem um breve retrospecto.

No planejamento inicial tudo era perfeito. O grupo situacionista era um só, conhecia todos os caminhos, o ambiente político do Atlético e sua temperatura, dominava as informações sobre os sócios, uma vez que administrava as relações com todos eles, tinha em Petraglia o seu grande líder e teve organização para conquistar uma grande vitória nas urnas.

Mas veio o dia a dia e com ele, uma ruptura que causou uma certa desconfiança. O grupo se dividiu ao meio, e o grande líder que conduziu todos à vitória perdeu espaço. Mas era mesmo verdade? Se de fato fosse verdade, o que teria acontecido? Quais foram os reais motivos dessa ruptura? Como o grupo que ficou à frente da administração do Clube teria condições de conduzir o Furacão sem o seu líder?

Começaram grandes disputas de bastidores, com nomes vindo à tona, de ex-funcionários do Atlético, do ex-diretor dir. marketing, de jogadores, de empresas ligadas a ex-dirigentes, enfim, tudo foi exposto. Informações que eram apenas boatos, foram consolidadas não pela imprensa, que jamais promoveu uma investigação sobre o que foi revelado na estratégia ofensiva adotada pela diretoria do CAP, que conhece como ninguém o agora inimigo Mário Celso Petraglia.

Nessa guerra os dois lados se conhecem muito bem. É provável que a circulação de informações aconteça de forma freqüente de lá para cá e de cá para lá. Cada movimento de uma parte é cuidadosamente monitorado pela outra.

Mas na gestão da vida de um Clube, quanto mais as coisas forem transparentes melhor para todos. Claro que nem tudo pode se exposto, pois a informações estratégicas que devem se compartilhadas apenas internamente. Porém, quando a diretoria do Atlético vem a público abrir um contrato, não posso deixar de achar legítimo, pois a Caixa Econômica, por exemplo, é um banco público. Faço questão de frisar que nos assuntos financeiros, acho completamente lícito ganhar dinheiro trabalhando no futebol. Mas há formas e formas de se fazer isso.

Prosseguindo o debate sobre a guerra, vale tudo, até mesmo se cercar de figuras cuja simples referência do nome causa arrepios a grande parte da torcida atleticana, como a de um comentarista de uma grande rádio local. Qualquer opinião que parta dele, vem contaminada com um ódio descomunal, que se é legítimo, o desqualifica para omitir opiniões sobre a questão. Por ética, deveria lhe restar o silêncio. E quando pensamos em silêncio, sabemos que a posição de Petraglia até agora, vem sendo gritantemente silenciosa. Até quando?

Nos sites ligados as coisas do Atlético, há quem venha fazendo defesas apaixonadas da gestão de Petraglia, o que nos leva a detectar um quadro político no Clube com três forças nas próximas eleições. A oposição que existiu durante o processo eleitoral e que foi derrotada, e o dois grupos originados do racha da situação.

O presidente do Clube disse ter o ex-presidente “sede de poder”. Cabe a ele fazer política dentro do Atlético, trazendo para perto de si todos os tecidos vivos que compõem a família atleticana. Isso é conquistar apoio que traz governabilidade, num tempo onde os interesses do Atlético estão acima de quaisquer interesses pessoais. Se não houver um líder capaz de construir um processo dessa magnitude, que requer uma boa dose de maturidade, paciência e muita saliva, poderemos viver mais tempo nessa instabilidade política, que deixa em segundo plano as coisas do campo. Aquelas coisas básicas de que todos nós gostamos, como títulos, gols, estádio cheio e voltas olímpicas.

Por fim, a Arte da Guerra traz alguns ensinamentos, com os quais necessariamente eu não concordo. Mas como há muitos capítulos por vir, vale a pena dar uma boa lida: "Toda guerra é baseada em fingimento. Quando pronto para o ataque, finja incapacidade. Quando em movimento, finja inatividade. Se seu oponente é temperamental, irrite-o; se ele é arrogante, encoraje seu ego".

Veremos.


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