Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Vencemos ou convencemos?

25/01/2010


Não escrevi após a derrota contra o Operário de Ponta Grossa, apesar de ter dividido a indignação junto a amigos, familiares e companheiros de arquibancada. Levar o baile do “Fantasma” e apresentar inúmeras deficiências, levou o atleticano a ter uma única certeza: este ano vai ser sofrido, outra vez! É pouco, muito pouco, quase nada para um clube que possui uma estrutura como a nossa e a grandeza da nossa camisa e da nossa história.

Diriam alguns: o Atlético perdeu para o Operário porque achou que ganharia a qualquer momento. Mentira. O Atlético perdeu para o Operário porque demonstrou um futebol medíocre, fraco tecnicamente, morto fisicamente e com jogadores despreparados para vestir a camisa do Furacão. Antonio Lopes, observando que o time estava aos poucos sendo engolido pelo adversário, terminou de desmontar o esquema tático, deslocando o fraco Raul para o outro lado do campo e inserindo o péssimo Kaio para desiludir de vez o torcedor atleticano.

Perdemos o jogo e a esperança de um ano melhor.

Vejam como o futebol é, no mínimo, engraçado. Dos quase dez mil atleticanos que estavam presentes no último sábado na Baixada, garanto que a grande maioria foi assistir ao jogo com “a pulga atrás da orelha”. Havia um alento, o retorno de Valencia. No mais, o mesmíssimo Atlético, embora desta vez Bruno Mineiro figurasse como titular. Opa, mais um alento. No mais, o mesmo Atlético, igualzinho ao que sucumbiu frente ao “Fantasma”.

E os alentos foram realmente alentos. Valencia só perderá a vaga para um Claiton cheio de vigor físico e bem tecnicamente, caso contrário, deixará o predador no banco, como seu suplente imediato. Bruno Mineiro mostrou que têm qualidade, faro de gol e “tipão” de atacante, dos bons, mas o que mais gostei foi a vibração de Bruno, que me deixou até uma pequena impressão de que ali há um pouco de espírito de liderança. Bom isso, muito bom!

Tudo beleza, encaixotamos o Serrano, que mesmo sendo humilhado dentro da Arena, em nenhum momento levantou a sola da chuteira ou foi desleal. Perdeu, pois possui um time ruim, fraco, quase inexistente. Com todo respeito aos profissionais de Prudentópolis, o Serrano veio aqui para conhecer a Arena da Baixada, e só.

O Atlético, que não tem nada com isso, surrou o adversário e espantou a tristeza. Oito gols, a alegria da vitória e o alívio de não voltar para casa com o peso ou a dor do tropeço.

Vencemos, mas será que convencemos?

Eu diria que convencemos se levarmos em consideração apenas o jogo e a doação de todos os atletas em campo. Quem viu os dois jogos, contra Operário e Serrano, teve a certeza de que o time levou uma chamada daquelas. Um puxão de orelha de doer, do tipo “vai ter que ser na raça”. E o time voou em campo, faria nove, dez, onze, e se estivesse com a mesma atitude, a mesma escalação e o mesmo comprometimento, ganharia do time de Ponta Grossa também. E também com sobras. Mas futebol é assim mesmo, serve para alegrar, para iludir, para fazer sofrer e para fazer sonhar.

Eu continuo sonhando com um Atlético forte. Continuo torcendo por reforços no elenco, por um time de qualidade, por jogadores que ao contrário de virar as costas para o jogo, feito Wallyson, chamem no peito e não se escondam, feito o menino Bruno Furlan. Talvez estejamos mesmo no caminho certo, mas temos que continuar tendo cuidado para não criar falsas ilusões. Raul, por exemplo, é uma ilusão. Sem desmerecer o bom e esforçado Marcelo, qualquer um só com a perna esquerda joga melhor que Raul pela direita.

Acredito também que atualmente contamos apenas com um grande zagueiro que atende pelo nome de Manoel. Chico e Rhodolfo estão abaixo do futebol que espero para poder fechar a zaga contra os grandes do futebol brasileiro. Só até aqui, já precisamos pelo menos de um lateral direita e de um zagueiro. Enfim, coisas que precisam ser vistas. De qualquer forma, a nível nacional, nós precisamos de muito mais.

Mais do que vencer, o Atlético precisa convencer.


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