Rodrigo Abud

Rodrigo Abud, 45 anos, é jornalista. Já correu dos quero-queros na Baixada, justamente quando fez um lindo gol do meio de campo. Tarado por esportes, principalmente o bretão, é também alucinado por rádio esportiva.

 

 

Abençoada bola

21/01/2010


Josué, profissão: pedreiro. Do alto dos seus 36 anos, Josué tem uma rotina diária extremamente puxada. Acorda às 5:00 horas da manhã, toma um rápido café preto e, para não acordar sua esposa e filhos, se despede visualmente deles e parte para mais um dia de trabalho. Cruza a cidade de ônibus, momento que aproveita para dar mais uma cochilada. Chega ao seu local de trabalho pontualmente às 8:00 horas e toca o seu dia até às 18:00. Para apenas para almoçar, de forma rápida, e logo volta à labuta. Seu salário não é alto, mas não reclama da vida, afinal consegue, mesmo que de forma simples, sustentar toda a sua família dignamente.

Renan, profissão: jogador de futebol. Do alto dos seus 20 anos, Renan tem uma rotina diária extremamente puxada. Realiza trabalhos físicos e técnicos no período da manhã e da tarde, mas conta com uma grande estrutura para isso. Em algumas ocasiões, precisa viajar para jogar e trabalhar à noite nos jogos nesse horário. Possui um belo possante, característica da boleirada atual. No seu trabalho se destaca principalmente pela vasta cabeleira, impecável em dia de jogo. Não reclama da vida, afinal ganha bem e tenta fazer o que gosta.

Sidnei, profissão: garçom. Com apenas 19 anos, Sidnei está no seu primeiro emprego, trabalha em um restaurante da capital paranaense, localizado em um bairro central, o que facilita para que ele vá ao trabalho a pé, pois mora em um pensionato próximo. Gosta do que faz, não gosta de trabalhar nos fins de semana, porém as gorjetas que ganha fazem o esforço valer a pena. Sidnei não reclama da vida, mas está estudando para ser advogado, o sonho de seus pais, que moram no interior do Paraná, e com isso dar uma melhor condição de vida para a sua família e para si.

Kaio, profissão: jogador de futebol. Com 22 anos, Kaio teve poucas oportunidades de jogar no clube que o revelou. Com isso, acabou tendo uma grande chance ao ir para o Japão, faturar uma boa grana e conquistar mais experiência, já que se trata de um jovem jogador. Voltou para o Atlético e mostrou que, realmente, ainda não está pronto para jogar no clube que o revelou. Mas Kaio não reclama da vida, já que ganha bem para tentar fazer o gosta.

César, profissão: vendedor. Considerado dentro do perfil, César, aos 23 anos, realmente viu que levava jeito para vender. Hoje, aos 30, trabalha de segunda a segunda com uma folga por semana, mas aproveita isso como uma oportunidade para ganhar mais e logo realizar o seu sonho de conhecer o Hawaii. Está juntando dinheiro e deve conseguir, mas ainda precisa abrir mão de muitos dos seus finais de semana para isso. César não reclama da vida, faz o que viu ter o perfil para fazer e está satisfeito com seu rendimento profissional.

Rhodolfo, profissão: jogador de futebol. Experiente, mesmo com 23 anos, Rhodolfo pode ser considerado um rapaz de sorte. Joga, como titular, no maior clube do estado e tem como principal fundamento o bicão pra frente. Durante seu convívio com o companheiro Danilo se encantou com a jogada e fez dela o seu cartão de visitas. Rhodolfo não reclama da vida, afinal faz o que gosta (dar bicão) e ainda ganha muito bem para isso.

De forma rápida acompanhamos a história de seis pessoas; coincidentemente, três fazem a mesma coisa. Josué, Sidnei e César ralam e cumprem suas obrigações com plena vontade e disposição. Renan, Kaio, Rhodolfo e mais alguns dos que estiveram em campo ontem contra o Operário eu já não posso dizer a mesmo.

A Neto, Manoel e Márcio Azevedo, os meus respeitos.


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