Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Um menino muito atleticano

25/12/2009


Era uma vez um menino atleticano. Muito atleticano. É que não existem meninos mais ou menos atleticanos, só os muito atleticanos.

Ele escrevia ao bom velhinho. Aos sete, não queria uma Monark, um Genius ou um Pogobol.

Prezado Sr. Noel,

todos os meus amigos querem brinquedos neste Natal. Não sei se procede a informação, mas meu pai disse que também é possível pedir outras coisas, como saúde, paz, harmonia, prosperidade, etc. Bom, não sei se esta é exatamente a sua jurisdição, mas eu quero muito que o Atlético seja um time grande, que dispute títulos todo ano. Se possível, gostaria que fosse campeão brasileiro, pelo menos uma única vez na vida.

Um abraço do menino muito atleticano.


Enquanto isso, o Furacão naqueles tempos de seca intermináveis. Fião e Guni.

A conquista de um ou outro campeonato estadual não o iludiam. Idas e vindas da segunda divisão logo o devolviam à realidade.

Sentia-se enganado, desenganado. Chegou até a pensar que era ele próprio o problema: 'Talvez eu não tenha me comportado direito, vou pedir de novo.' Catava lápis, papel e corria para rabiscar outra carta.

Todo ano a mesma história, até os doze, quando, por fim, desistiu: 'Esse tal de Papai Noel não existe. Já sou grande demais para acreditar nessa mentira de barbas brancas. O Atlético nunca será um time grande. O Atlético nunca será campeão brasileiro.'

Quinze anos depois, já um pai de família, sem querer, percebeu que todos os seus desejos de infância se tornaram realidade. O tempo simplesmente passou, tudo aconteceu muito rápido.

Então aprendeu que pedir por um grande time é fácil. É pouco, não basta. Constatou que, na verdade, foram os esforços de milhares de garotos muito atleticanos, como ele, que concretizaram os sonhos comuns.

Reconheceu o Papai Noel dentro de si. Enfim, despertou o verdadeiro sentimento natalino.

Contra eventuais críticos e pessimistas, hoje tem certeza de que a verdadeira grandeza do Atlético está dentro dos corações atleticanos, todos muito atleticanos, dispostos não só a cobrar e a exigir, mas também a ajudar no que for preciso.


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