Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 56 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

Quem ama não mata

19/12/2009


O título Quem Ama Não Mata tem sua origem na onda de crimes passionais que houve no Brasil já faz alguns anos. O tempo passou e ainda há quem busque justificar fatos como os ocorridos no Couto, como passionais. Passionais ou não, quero dizer que já me considero um sobrevivente, pois fiz parte da Ultras, uma torcida organizada do Atlético durante muito tempo e nada me aconteceu e nem aos meus amigos da época. Depois que eu vi na televisão e na web o arsenal da turma da Império, imediatamente pensei que talvez exista o mesmo poder de fogo do lado de cá da moeda. Será? O raciocínio é simples, pois uma vez que meus inimigos estão armados, tenho que me defender da mesma forma. Se eu moro no mesmo bairro, tenho que ser esperto para chegar vivo em casa.

Vale a Lei de Talião, ou seja, dente por dente, olho por olho. E aí a guerra não tem mais fim. Quem paga o pato são as pessoas normais, que se arriscam a estar dentro de um ônibus ou em um terminal em dias de jogos. A enfermeira que perdeu os dedos que o diga, sem contar o garoto atleticano que foi atropelado (leia-se assassinado) por um motorista coxa. Como estão as coisas, poderia ter sido ao contrário. Mas não foi.

Ao invadir o campo daquela maneira, nossos “amigos” fizeram o que nem péssimos administradores conseguiram fazer. Jogaram a imagem de seu time na lama, além de prejudicarem de forma substancial o futuro da equipe. Em nome do amor pelo clube, transformaram o seu domingo em um Sunday, bloody Sunday e afundaram o futebol paranaense em verdadeiro inferno. A letra do U2 serve para fazer perguntas certas, porém sem termos a certeza das respostas.

"E a batalha apenas começou
Há muitos que perderam, mas me diga quem ganhou?
As trincheiras cavadas em nossos corações
E mães, filhos, irmãos, irmãs
Dilacerados.
Domingo, sangrento domingo
Domingo, sangrento domingo
Quanto tempo, quanto tempo teremos para cantar esta canção?
Quanto tempo, quanto tempo
Hoje à noite, Nós podemos ser como um,
Esta noite.
Domingo, sangrento domingo.
Domingo, sangrento domingo."


E o que temos nós a ver com isso?

Muitas e muitas coisas. Passamos a ser definitivamente a melhor opção como clube de futebol para jovens, crianças e adolescentes. Vamos consolidar a nossa liderança no Topo of Mind, arregimentando mais público para o nosso estádio, ampliando nossas parcerias estratégicas de negócios, ganhando mercado, recebendo a Seleção Brasileira no CT e com a Baixada sendo um dos mais belos estádios da Copa de 2014.

Com nossa torcida uma relação fraterna e colaborativa, alertando a todos os seus segmentos sob os riscos existente em eventuais desvios de conduta. Nada será perdoado pela Justiça, e um vacilo nosso, servirá de argumento para os inimigos do Atlético alardearem pelo vento que temos o mesmo tipo de comportamento. Não temos e nem queremos ter.

Vamos criar mais e mais políticas de relacionamento com os nossos sócios. Vamos buscar atingir aqueles que ainda não se associaram e quem nem por isso tem menos amor pelo Furacão. Mais embaixadas pelo Brasil e pelo mundo. Mais escolas de formação de jogadores espalhadas pelas cidades do Paraná, para que pelo menos em alguns anos possamos fazer frente a força do futebol paulista e gaúcho no interior do nosso estado. Esses são os objetivos que eu imagino perseguir sempre.

Por fim, tudo isso deve ser amparado por um time de futebol que nos dê alegrias. Chega de sermos coadjuvantes, escadas para que outros subam e não protagonistas do espetáculo. Com tudo o que já construímos, temos que lutar para vencer. Se quem ama não mata, cabe ao Atlético e seus dirigentes não nos matarem de susto todos os anos, com medo do rebaixamento. Vamos para 2010 como o único paranaense na primeira divisão. E chega de sofrer!

Agradecimentos
Agradeço aos meus amigos que tornaram minha última coluna, a mais lida na história do site Furacao.com. Quando comecei a fazer parte da equipe, jamais tive nenhum tipo de vaidade. Não tenho como negar que fiquei feliz com o recorde. A releitura da coluna de nosso amigo Sebastian, que escreve do lado de lá foi pertinente, no tempo certo. Houve até uma ligação da parte dele, atendida pela minha esposa. Somos amigos e debatemos sistematicamente as coisas do mundo do futebol há mais de quinze anos. Não há muitas convergências. Porém, dentro dos limites da paciência de ambos os lados, a disputa é fraterna e saudável.

A ele sempre os meus respeitos e minha advertência e meu desejo de todas as ligações telefônicas "pós-jogo" ... Meu caro Sebastian, para nós torcedores, há sempre uma segunda-feira cinzenta no futebol. Tomara que você tenha mais dessas do que eu.


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