Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 56 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

Eu joguei no Maracanã

05/12/2009


Preciso começar falando do Atlético. Não há como deixa de exaltar a nossa escapada do rebaixamento. A vitória de Zé Furacão nessa luta inglória, mais do que nos deixar orgulhosos, nos faz sentir um grande alívio. É como se uma enorme pedra fosse tirada do ombro de milhares de atleticanos ao mesmo tempo. Inexplicavelmente, se não fosse à distância que me separa de minhas esposa e filha, poderia dizer que sou um homem mais feliz hoje.

Quero compartilhar com vocês algo que me aconteceu na última segunda-feira. Já há tempos venho publicando em meus artigos que desejo jogar na Baixada. Disse isso com todas as letras, pois o Atlético é o clube da minha alma. Mas o destino me aprontou uma pela deliciosa. Ele quis que na última segunda-feira eu e mais vinte amigos absolutamente especiais, representando o Clube de Pais do Colégio Marista Paranaense e a Irmãos Passaúra, disputássemos uma partida de futebol no Maracanã, a final do Torneio Gol de Letra, promovido pela Fundação Gol de Letra, conduzida pelos craques Raí e Leonardo. Chegamos à final com quinze gols marcados e apenas um sofrido. Graças ao espírito de união que marcou nosso grupo, com um técnico e um auxiliar que deram um show de coerência e liderança, por quinze minutos, cada um de nós jogou no mesmo gramado onde Pelé fez o seu milésimo gol, onde Zico, Romário, Junior e Bebeto encantaram o mundo, cada um no seu tempo e com a sua genialidade. Perdemos de 2 x 1. Claro que dói perder uma final... Mas saímos completamente felizes, alegres, orgulhosos de termos tido a oportunidade de fazer o que muito poucos brasileiros conseguiram até hoje.

O destino quis me aprontar mais surpresas. Com cinco de nós foi ainda mais generoso. Jogamos o chamado “Jogo das Estrelas”, realizado logo após término da nossa final. Eu, gordo, pesado, sem conseguir nem andar direito e o feliz proprietário de vários apelidos nada carinhosos, joguei no Maracanã por quinze maravilhosos minutos, ao lado de Bebeto, Romário, Aílton, Júlio Cezar, Macula e Mauro Galvão. Na primeira bola que peguei não quis conversa. Chutei para o Romário, sem saber se ele iria alcançar o meu passe. Alcançou. Pronto, para mim bastou. Tenho certeza de que os outros quatro que estiveram nesse jogo compartilharam as mesmas emoções, que só são produzidas de forma mágica pelo futebol. Só esse esporte é capaz de mudar de forma tão séria o comportamento das pessoas. Fui jogar do lado oposto aos túneis e daquela partida só sairia preso, amarrado ou morto. Dali ninguém me tiraria por vias pacíficas. Joguei até o apito final. Na verdade, me sentia mais um espectador privilegiado, pois estava ali, bem pertinho dos caras, dentro do mesmo campo que eles e ao mesmo tempo, invisível para o jogo. Juro, isso não importou na hora e não importa agora. Eu estive lá.

Venho dizendo que temos que valorizar os nossos ídolos, abraçá-los e valorizá-los em vida, de forma imortalizá-los pelo que eles representaram na história do nosso futebol. Uma iniciativa como essa da Fundação Gol de Letra merece ser observada com toda atenção e reproduzida em nossa cidade. Quem sabe dessa forma eu consiga realizar meu sonho de jogar no solo sagrado da Baixada, lado a lado com outros atleticanos como eu. Muita gente vai poder experimentar na Baixada emoções do mesmo tipo que tivemos no Maracanã.


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