Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Hora da verdade

10/11/2009


Antes que venham nos contar histórias bonitinhas de verão ou contos confortáveis de final de ano, preciso e tenho a obrigação de dizer que mais uma vez tivemos uma porcaria de temporada. A verdade precisa ser dita, e não é agora que vamos esquecer que o Atlético de 2009 foi um Atlético cheio de problemas, falta de critérios nas contratações, vindas de profissionais desqualificados, panelinhas, etc, etc, etc. Coisas que sabemos, fora as que não sabemos.

Não se iludam os nossos dirigentes de que tudo, a partir da tranquilizante vitória contra o Goiás, a qual praticamente nos libertou dos fantasmas, virou, como em um toque de mágica, um mar de rosas. Não se iludam os nossos diretores e responsáveis pelo comando do clube, que estamos do jeito que queremos ou que sonhamos. Lutar, mais um ano, para fugir do rebaixamento, é pouco, pouquíssimo, praticamente nada para um clube como o Atlético.

Não imaginem que uma bela e provável arrancada do Atlético nesta reta final do campeonato brasileiro vai colocar panos quentes sobre um ano que foi praticamente um lixo. Mais uma vez, um lixo. Se temos um clube grande, uma calorosa e imensa torcida e um patrimônio invejável, precisamos, urgentemente, pensar grande. Almejar coisas grandes, títulos expressivos e entrar em 2010, no mínimo, com uma equipe competitiva.

O sucesso de possíveis vitórias neste resto de brasileirão não pode, em hipótese alguma, abafar os problemas e os equívocos que tivemos praticamente durante todo o ano. Mais uma vez estamos penando, mais uma vez estamos cruzando os dedos, mais uma vez... mais uma vez.

Portanto, tentaremos outra vez aprender com as lições de um ano que parecia começar bem, mas que aos poucos, foi se despedaçando. É hora de rever muitos conceitos e dar mais atenção ao futebol do Atlético. Como diz o meu velho amigo Juarez Villela, o complicado mesmo é “quando o cara se torna repetitivo”.

Que o Atlético desta reta final de brasileirão seja apenas a base para 2010. Que somem-se a esta base mais jogadores de qualidade, compromissados com o clube e com uma mentalidade vitoriosa. Que o clube redobre os esforços para manter no elenco jogadores como Wesley e Nei. Que tenhamos mais jogadores com a qualidade de Paulo Baier e com o espírito guerreiro de Valencia. Que os pratas da casa finalmente sejam encaixados no elenco nos momentos propícios, e não jogados na fogueira como se fossem as únicas soluções do clube. Que Lopes fique, e que permaneça também o respeito e a união por ele impostas. Que seja um ano de inteligência, não de riscos.

Que o Atlético de 2010, de uma vez por todas, tenha a cara do Manoel, uma das mais gratas surpresas de um ano, que se não foi o pior dos últimos quatro anos, foi péssimo, outra vez.

Este não é um desabafo de um torcedor indignado. É apenas um alerta, antes que comecem a pensar em produzir vídeos comemorando a “fantástica” fuga do rebaixamento.

Basta. Para o próximo ano, queremos muito, muito mais!


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