Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Pela paz no Caldeirão

24/05/2004


O Atlético não vive sem a sua torcida e a torcida não vive sem o seu Atlético. A relação é assim mesmo, recíproca, de pura dependência. Um não deve querer competir com o outro, como também não deve jamais se afastar do outro.

Atualmente, por questões políticas, ideológicas, financeiras ou seja lá o que for, a relação está um pouco diferente, diria mais fria, afastada, sem a paixão. Virou comum. Perdemos nossa essência, nosso diferencial, nossa identidade. Não é o Atlético e sua torcida. É algo que não reconheço, mas já digo de antemão que não gosto nem um pouco.

Finalmente, dentro de campo, o Atlético parece estar se reencontrando. Falta nos reencontrarmos como clube, como instituição, como o Clube Atlético Paranaense, que sempre encantou seus admiradores e temeu os adversários. A guerrinha entre diretoria e torcida parece coisa de criança mimada, um não querendo ceder para o outro. Esquecem que nessa briga não há vilão nem mocinho; vencedores e vencidos. O que está em jogo é muito mais do que o preço dos ingressos, a liberação das faixas, bateria, lugar marcado no estádio, cadeirinha... O que está em jogo é o próprio Atlético, que nasceu das elites, mas ao longo de seus 80 anos foi aprendendo o quanto é bom ser povo, ser raça, ser amor.

Por isso, agora que as coisas parecem estar se ajeitando em campo, é mais do que nunca hora da trégua. Que as diretorias do clube e da torcida organizada tentem, enfim, um diálogo conciliatório. Deixem essas brigas para outro momento, pois o clima pesado nos bastidores pode afetar o desempenho do time - e isso, tenho certeza, é algo que nenhum dos lados quer. Não é a torcida apoiar a diretoria e vice-versa. É ambos unirem forças e se concentrarem apenas no melhor para o Atlético. E nesta altura do campeonato, eu não tenho dúvidas que o melhor para o Atlético é que o clima de paz reine absoluto no Caldeirão.

O momento é mais do que perfeito. Depois da bela goleada em pleno Pacaembu sobre o Corinthians, receberemos no próximo domingo o atual campeão brasileiro, o Cruzeiro. E contra a raposa, time e torcida precisam jogar na mesma sintonia, fazendo de novo a Arena um Caldeirão. Que se chegue a um acordo bom para ambas as partes, ficando melhor ainda para o Atlético. Que a diretoria perceba que a torcida é a alma do time. Mas que os torcedores também entendam o quanto é importante o trabalho da atual diretoria. Que libere a bateria, que libere as faixas, que libere a torcida, que libere o grito que sempre prevaleceu na Baixada: "Furacão, êo! Atlético ôô!".


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