Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Ambição

03/11/2009


Sábado diante do Avaí não fizemos nada de muito diferente do que nas duas partidas anteriores. Aliás, pegue-se uns 70% do campeonato e veremos que o Atlético foi isso aí mesmo um time sem muitas aspirações, sem quase nenhuma inspiração. E me assusta ouvir nosso Presidente Marcos Maluceli afirmar que a base para 2010 está montada. É desse time aí, que não figurou em sequer uma mísera rodada na parte de cima da tabela que ele está se referindo?

Em 2009 fazemos um pouco mais do que nos últimos tristes três anos. Se um é pouco, dois é bom, três é demais, o que pensar de um clube que pelo quarto ano seguido faz uma campanha medíocre no nacional?

Obviamente, e antes que venha o tradicional corolário de desculpas sobre verbas, receitas, competitividade e sobre nosso real tamanho no cenário futebolístico nacional, nada me impede de questionar a seriedade com que o futebol atleticano tem sido conduzido de uns tempos pra cá. Por que se de um lado podemos perceber que o patrocínio da tv do Flamengo é três vezes o nosso, que o valor pago para anunciar no calção do Corinthians deve ser superior ao nosso máster e que há dezenas de parceiros fortes que mantém a competitividade de um São Paulo ou um Internacional, me parece difícil explicar que ano após ano vemos Vitória, Avaí, Goiás, até mesmo o Coritiba e surpresas como um Grêmio Barueri fazerem sucessivas e melhores campanhas que o estruturado Atlético Paranaense.

Para mudar essa série de coisas o Furacão precisa encarar de frente o problema e tomar um choque de gestão no seu departamento de futebol. Me assusta que o clube faça tanta questão em renovar com um jogador nada mais que mediano, limitadíssimo como Rafael Miranda, quando deveria procurar soluções mais adequadas, ou eivar todos os esforços para ficar com Wesley, esse sim uma grata surpresa que mostrou qualidade, espírito de grupo e desprendimento.

Não creio que a direção atleticana acha realmente que todos os garotos que subiram este ano são craques, sensacionais atletas e que inebriam os sonhos de um comentarista que parece o Michael Jackson, tamanha sua fixação pelos “garotos”, ainda que alguns deles mal tenham jogado e outros tenham se mostrado médios, nada de anormal para os padrões rubro-negros, mas contam com uma desmedida e desproporcional torcida do sujeito.

O Atlético, se quiser ter um 2010 diferente do fracasso que está sendo 2009, cuja única alegria foram não mais que meia dúzia de partidas e a recuperação do título em um ano tão festivo para o rival, precisa mudar radicalmente a maneira como vê e desempenha as atividades do departamento de futebol profissional. Mais cobrança, mais qualidade e principalmente, um planejamento desde agora podem ser maneiras de modificar esse cenário de coisas, de um clube que foi perdendo a ambição, de um time cujos jogadores são entrevistas após mais uma fracasso dizendo que precisam fazer quatro ou cinco pontos dos próximos quinze em disputa, como se isso fosse um grande objetivo.

Ter sonhos impossíveis é tolice, mas sequer ter sonhos é pobreza de espírito demais.

ARREMATE

“Não importa o quanto você foi longe no caminho errado. Volte para trás.” - ditado árabe


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