Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Ecos do Atletiba

26/10/2009


Venceu quem mais procurou vencer. Se alguém merecia ganhar a disputada e emocionante partida de ontem este time foi o Coritiba, até porque somente a vitória os deixaria seguros em questão a zona de rebaixamento e por isso mesmo, e atuando em casa, era natural que fossem mais ofensivos. O Atlético é que não poderia jogar de maneira tão retrancada, tão defensivista até porque mostrou ter qualidade para sair para o jogo, vide estar com um atleta a menos e mesmo assim ter ido ao ataque em busca do empate.

O jogo estava a rigor para o Furacão, com calma e paciência esperando o coxa e saindo em boas tabelas. Inexplicavelmente o time voltou a dar chutões, matando quando chance de Wallyson ou Alex Mineiro produzirem algo. Por sinal, meu eterno ídolo Alex Mineiro não pode entrar em campo enquanto não estiver 100%. É de doer o coração vê-lo com uma camisa que ele eternizou e hoje em dia não conseguir completar sequer uma jogada. O gigante Valencia mais uma vez erra em clássico ainda que ontem tenha jogado razoavelmente bem.

Rhodolfo voltou muito mal e a justa expulsão de Alex Sandro acabou sendo decisiva. A lamentar que a tranquila arbitragem de PC Oliveira não tenha tido os mesmos critérios na distribuição dos cartões, já que Leandro Donizete e o violento Jeci mereciam, tanto quanto o jovem atleticano, ter sido expulsos se ele usasse do mesmo critério. O bandeira que corria pelas sociais é outro que merece nota, anotando inúmeras faltas inexistentes para o time alviverde e em dois momentos dando impedimentos bastante duvidosos de nosso ataque. Por sinal, no primeiro gol coxa o argentino Ariel empurra “Cristiano” Rhodolfo antes de concluir.

Mas nada apaga o mérito da vitória do time da casa, que pela comemoração e alegria de seus torcedores, parece ter conquistado alguma coisa de importante em ano tão singular. Ganhou aquele time que não abdicou de atacar e com sangue nos olhos procurou a vitória, fato que infelizmente não vimos pelo lado do calmo e tranqüilo (demais) time rubro-negro na tarde de ontem.

ALEGRIA

Acompanhei um pouco daqueles anos que a gente gosta de lembrar mas só como exercício de atleticanismo, pois nossa vida era muito dura. Pinheirão indo de Interbairros II lotado ou jogos tomando emprestada a Vila Capanema ou o Couto para os jogos a noite e ouvindo das outras torcidas um grito que doía no coração: sem terra! Era mais doído do que ultimamente ouvíamos, agora sem sentido, sobre o “meio estádio”.

Eles com uma estrela dourada no peito e trazendo alguns bons jogadores que haviam brilhado no eixo Rio-São Paulo eram quase sempre favoritos, enquanto a gente ia buscar soluções no Toledo e Matsubara. Tempos difíceis aqueles em que vencer um Atletiba era nossa grande meta anual.

Hoje estruturados, maiores dentro e fora de campo, com um estádio de verdade e muito melhor que o deles, assistimos o contrário acontecer. A comoção pelo clássico, a maneira como eles querem se mostrar para nós, como o menino do campo aguardando o primo que mora na “cidade grande” para mostrar do que é capaz são cativantes.

Enquanto o Coritiba se levar a sério como tem se levado, com um locutor que nos chama de “atletiquinho”, colocando músicas ininteligíveis de sua torcida, postando A. Paranaense para tentar fazer chacota, enquanto seu ídolo se preocupa em fazer banana pra gente ao invés de comemorar uma bela vitória com sua torcida, fico tranquilo. A diferença nossa para eles é abismal e só tende a aumentar.

Não sinto pena porque seria falsidade. Prefiro ficar com meu sorriso de canto de boca e pensar que ser atleticano é uma dádiva divina e cada vez mais me convenço que deve ser muito melhor perder sendo atleticano do que vencer sendo coxa.

ARREMATE

“E pulsando/
Ladeira do limiar do gosto pelo infinito/
Já querendo o depois.”
- Futura, NAÇÃO ZUMBI


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