Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Eu me rendo!

20/10/2009


Parece que foi ontem, mas muito trabalho já foi realizado desde que beiramos o fundo do poço.

Com a queda do Waldemar não faltaram especulações sobre quem assumiria a batata quente que havia se tornado o Atlético até a 15ª rodada do Brasileirão. Ouvia-se de tudo, falava-se muito dos técnicos emergentes, de alguns figurões, cifras absurdas e condições esdrúxulas.

E eu nem imaginava que o Delegado corria por fora...

Não gosto nem de lembrar, mas a situação era mais do que desesperadora, uma derrota após a outra, sova atrás de sova, uma galera no DM, isso sem contar com os problemas de bastidores de que nem tínhamos conhecimento.

Fomos tomados de assalto com o afastamento de significativos jogadores e diante de tanta polêmica nem sabíamos de que lado deveríamos permanecer. O próximo compromisso seria “fora” de casa e diante de um Fluminense - naquela época no páreo pela permanência na elite - tão desesperado quanto a gente.

Confesso que estive à beira de um ataque de nervos, pois nem nas minhas projeções mais positivas eu conseguia enxergar uma luz no fim do túnel. Esperança mesmo, só se contratassem um milagreiro.

Quando finalmente veio a público o nome do nosso novo comandante eu cheguei a questionar a sanidade dos responsáveis por essa escolha. Afinal, em que pese Antônio Lopes dos Santos ser um técnico respeitado e de ter apresentado uma trajetória retumbante na Libertadores de 2005, ele me trazia a idéia de um profissional ultrapassado. Sobretudo, por estar afastado do futebol e em decorrência das más lembranças deixadas em sua última passagem pelo Furacão.

Mas não tínhamos escolha, o jeito era reforçar a torcida e as orações. Além disso, a situação estava tão preta que pior do que estava não poderia ficar. Então, por que não dar uma chance ao Sr. Lopes?

Se no 1º jogo após a sua contratação ele nem sequer teve tempo de treinar a equipe, já provou logo de cara que é no mínimo pé quente. E dá-lhe camisa cinza!

Aos poucos, aliado a uma baita comissão técnica e contando com a ajuda do maestro Paulo Baier, o velhinho foi mostrando ao torcedor atleticano que a sua experiência e seriedade eram imprescindíveis à nossa condição no Campeonato.

Com o pé no chão, muito trabalho, disciplina, algumas invenções, bons e maus jogos, recuperamos a nossa dignidade, deixamos a parte incômoda da tabela e finalmente adquirimos uma certa tranqüilidade, aquela da qual nem lembrávamos mais do gostinho.

Também, em doses homeopáticas e de acordo com o seu bom senso, o ilustre Delegado lançou e prestigiou os nossos garotos, os quais retribuíram imediatamente ao Mestre, devolvendo a vivacidade ao time e orgulhando cada vez mais o torcedor.

E a defesa? Aquela que mais lembrava uma passarela para o desfile dos avantes de outras equipes, adquiriu segurança e vem conquistando o nosso respeito e admiração.

Hoje, mesmo cientes de nossas limitações, temos uma equipe sólida. Reaprendemos o que é a força coletiva e padrão tático, o que tem feito toda a diferença.

Enfim, Antônio Lopes mostrou a que veio e o porquê de ser considerado um dos maiores treinadores da história do futebol brasileiro. Infelizmente, não posso prever até quando a fórmula Lopes surtirá resultados, mas reconheço que ele me surpreendeu e é digno de toda a minha gratidão.

Diante disso só posso dizer que, mais uma vez, me rendi ao Delegado!

E que venha o clássico...


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