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Daniel Machado
Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.
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Chega dos mesmos
16/10/2009
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Parabéns ao meu cunhado e ao meu vizinho. Meus parabéns sinceros ao Coritiba pelo centenário.
A quem não leu, sugiro a coluna do Juarez, do dia 12 do 10, de título "Ao rival, com respeito", especialmente interessante para atleticanos sensatos e inteligentes.
Quem já leu sabe que não há nada a acrescentar. Pode seguir por aqui.
Acontece que o próprio Juarez já havia chamado a atenção para a falta de responsabilidade e isenção da imprensa, especialmente a paranaense. Silvio também. Chegou até a se perguntar se não seria mania de perseguição nossa.
Não é. Se fosse, os comentários que recebemos através do formulário de contato, ali embaixo, seriam divididos. É impressionante como a galera está incomodada com o exagerado protecionismo aos verdes.
Eu sei que reclamar sempre das mesmas coisas, árbitros, jornalistas, e por aí a fora, é um pouco chato, mas sinto-me na obrigação.
O pênalti sobre o Patrick, por exemplo, contra o Inter, não anotado pelo juizão, foi escandaloso. Foi o pênalti mais pênalti que eu já vi na vida. Tem que ser muito bananão para não apitar um lance daqueles.
Acontece? É coisa do futebol? É nada. O que é "coisa" do futebol? Ser garfado todo jogo? Como se já não bastasse a limitação do nosso onze.
Quanto à imprensa, nossa indignação não muda o quadro geral. São sempre os mesmos. Depois de lançado o boicote à rádio Transamérica, onde profana o Airton Cordeiro, depois da bordalenga capa da Tribuna, após o último Atletiba pelo Paranaense, ultimamente (ou nem tão ultimamente assim), a Gazeta do Povo também vem se esmerando. Seguem abaixo algumas manchetes tendenciosas, conforme observou um dos leitores da Furacão.com:
22/09 - Bomba lançada no gramado deve levar Atlético ao STJD
A bomba nem foi lançada no gramado, foi na arquibancada mesmo. O autor da bestialidade foi preso, conforme orienta aos clubes o Estatuto do Torcedor. Enquanto isso, no jogo dos coxas contra o Cruzeiro, aconteceu a mesma coisa. Houve inclusive invasão de campo, mas a Gazeta preferiu não comentar.
02/10 - Returno expõe evolução do Coritiba e declínio atleticano
"Declínio"? Só porque caímos de 13º para 14º? Mesmo assim, toda a "evolução" do Coritiba não foi suficiente para passar o Atlético. Na minha modesta opinião, o returno mostrou uma melhoria significativa na zaga. Tínhamos a pior defesa, hoje é a 6ª melhor. Seria pedir muito elaborar uma matéria sobre o tema?
07/10 - Coritiba aparece na frente do Atlético em ranking da IFFHS
Deve estar faltando matéria. Essa tal de IFFHS faz estatísticas de curto prazo. Mesmo assim, conseguem errar. Eles estão na frente, mas perderam o Estadual e na classificação do Brasileiro estão atrás do Furacão. Afinal, qual é o critério? Não importa! O único critério que importa é o da Gazeta: esculachar o Atlético!
08/10 - Gol olímpico encaminha o Coritiba ao G10
Essa foi ótima! O que vem a ser G10? Enquanto isso, depois de conseguir o mesmo resultado que o Coritiba, ou seja, um empate, a manchete rubro-negra foi "Atlético decepciona contra o Grêmio na Arena".
O Paraná Online entrou na onda. Publicou a seguinte barbaridade:
09/10 - Atlético pode perder posição na tabela para o rival
Pois é, mas não perdeu. Nós empatamos fora e eles perderam em casa. Será que agora vão publicar algo como "Atlético pode abrir vantagem em relação ao rival"? Seria no mínimo digno, mas não se pode esperar dignidade dessa gente.
A grande questão é: porquê? O que ganham com isso? Só perdem. Aliás, todos perdem: os coxas, que pensam que têm o melhor time do mundo; os atleticanos, que pensam que têm o pior time do mundo; e a própria imprensa, que joga pelo ralo seu mais precioso bem, a credibilidade.
Isso me lembra a história de dois irmãos, Corisbaldo e Atleticôncio, que conheci há muitos anos atrás. O mais velho era promissor, mas a verdade é que foi muito mimado pelos papais. A propósito, os papais eram jornaleiros. Atleticôncio, por sua vez, sempre clamou em vão por igualdade. Não por privilégios, só queria o mesmo tratamento. Até que desistiu. Quando percebeu que era grande, tão forte quanto o irmão, tornou-se independente. Perseguiu as mesmas conquistas, construiu uma linda mansão. Atleticôncio venceu. Mesmo assim, até hoje, sempre que visita sua antiga casa, vê o irmão acolhido debaixo das asas dos papais. Ultimamente, pensa em convidar Corisbaldo a sair do ninho, para que juntos possam alçar voos mais altos.
Eu boicoto quem minimiza deliberadamente os feitos do meu Atlético. Boicoto mesmo. É o mínimo que posso fazer. Existem diversas alternativas de rádios, canais de tevê e periódicos. Por que sintonizamos e lemos sempre a mesma ladainha?
Minha mulher, por exemplo, assiste à novela das oito. É sempre a mesma história: um amor impossível, um amor real e um amor fútil; o núcleo rico e o núcleo pobre (dessa vez tem também o núcleo médico e o núcleo top model). Todos os núcleos e personagens estão dispersamente relacionados, e se reúnem em uma grande festa no último capítulo. Só muda a paisagem. Uma vez é no Marrocos, outra vez é na Índia. No caso específico do Manoel Carlos, é sempre no Leblon.
Achei que fosse falta de opção, então assinei tevê a cabo. Hoje, tenho 354 canais à disposição, acionados magicamente por um simples toque no controle remoto. Tem Discovery Channel, National Geografic e o escambau. Mas a minha esposa gosta mesmo é da Globo e da novela das oito.
Está na hora de mudar! Vamos mostrar nossa força a esta cambada. Chega dos mesmos!
Com quem será?
Eu quase ia me esquecendo. Depois dos parabéns sinceros ao Coritiba, vem aquela musiquinha:
Com quem será?
Com quem será?
Com quem será que a imprensa vai casar?
Vai depender...
Vai depender...
Vai depender se os coxas vão querer!
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