Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Ao rival, com respeito

12/10/2009


Quem Batman combateria se não existisse o tenaz e inteligente Coringa? E He-Man, tomaria aquele bronze dos raios na transformação do bocó Príncipe Adam à toa se não tivesse que combater o Esqueleto? E o que falar dos ex-amigos Lex Luthor e Superman, vorazes e eternos rivais ? O que seria do preto sem o branco, o que seria do dia sem a noite, o que seria do rubro-negro sem o verde?!

Completa por estes dias 100 anos nosso maior rival, o Coritiba Foot Ball Club. Vamos e venhamos, quem sobrevive a um centenário tem sim que ser respeitado, no mínimo por ter histórias pra contar. E o Coritiba tem! Precursores do futebol no Estado do Paraná ganharam força, apoio político e tem uma história de muitas conquistas, em especial nas décadas de 60 e 70, quando papavam tudo.

Os tempos mudaram e se pegarmos o último quarto de século, desde sua maior conquista, o Brasileiro com saldo de gols negativo em 1985 veremos que levamos vantagem. De lá pra cá, são seis estaduais pra eles, mais a segundona em 2007 e o “Festival Brasileiro de Futebol”, uma sobremesa para os eliminados do Brasileiro de 1997 com jogos apresentados pelo “Domingo Legal” Celso Portioli. Nós levamos nove estaduais, sendo quatro sobre eles, a Copa Paraná, Copa Sesquicentenário (sobre eles e com time reserva), além da Segundona em 1995 (sobre eles), a Seletiva da Libertadores (putz, de novo os eliminamos no caminho!!) e nosso título máximo, com um delay de 16 anos em 2001.

Conquistas dignas, que mostram que mesmo a década de ouro do Paraná Clube, quanto conquistou cinco dos dez títulos possíveis nos 90 não foram suficientes para deixar para trás todo o legado, toda a mística que a dupla Atletiba teve, tem e terá. E nesse contexto observamos algumas mudanças. A fria e exigente torcida coxa-branca vem mesmo lentamente, dando espaço para um torcedor que é mais participativo, mais sabedor das limitações, principalmente orçamentárias que vivemos hoje em dia, apesar de existirem lá ainda os que reclamam de tudo, até mesmo do craque do time que pode resolver tudo a qualquer hora. Já pelas bandas da Baixada, uma política elitista, de brigas com organizadas, de mais proibições que concessões, de cobrança pública do apoio e respaldo do torcedor criou nas próprias palavras da então direção atleticana, a figura do torcedor/consumidor, aquele que se acha no direito de cobrar e cobrar e cobrar porque está pagando, em geral um preço alto e por isso exige mesmo!

Por sorte temos ainda significativa fatia de torcedores que apóiam incondicionalmente, e o plano de sócios mais acessível fez voltar muitos daqueles que sempre quiseram continuar apoiando e ajudando o clube. Mas é visível que hoje o torcedor atleticano volta a ser o que era somente quando provocado, perdendo um pouco daquela espontaneidade em se sacrificar e dar apoio incondicional. E essa rivalidade de torcidas, quem canta mais, quem inventa mais, quem dá o melhor espetáculo nas arquibancadas é mais do que válida.

Camisetões, Mosaico, Green Hell (por que não nominar inferno verde?), bandeirões, faixas verticais, caveira de isopor, tudo isso faz parte do show. Tudo isso deve ser estímulo para os jogadores e motivo para que o adversário se dedique mais. Os jogadores na bola, na raça, nós torcedores no grito, no incentivo. É esse o Atletiba que espero daqui uns dias.

Ao Coritiba Foot Ball Club, meus respeitos e parabéns por tão importante aniversário. Vencê-los, superá-los é sempre um estímulo e o quero sempre. Há uma geração de atleticanos que não valoriza tanto o clássico, tem na cabeça uma coisa de que rival nosso é o São Paulo, é o River Plate, é o Grêmio. Rival pra mim, rival histórico e clássico sempre será o Coritiba.

ARREMATE

“Respeito é pra quem tem, pra quem tem, pra quem tem...
Escuta pois Deus da o tom”
- Respeito é pra quem tem - SABOTAGE


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