Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

Tudo ao mesmo tempo agora

04/10/2009


Como é bom vencer. E vencer com autoridade dentro do campo é ainda melhor. Jogamos mais uma vez como nunca e dessa vez, ganhamos como sempre do Corinthians. Levamos vantagem sobre os caras e isso é espetacular. A vitória que já devia ter vindo no jogo contra o Palmeiras, veio uma rodada depois e contra o Grêmio, em casa, vencendo já podemos pensar em objetivos mais importantes e nobres do que fugir da zona do rebaixamento.

Converso com muitos caras do lado de lá. Alguns mais sensatos reconhecem que estamos à frente da equipe deles em vários aspectos. Julgam ter sido vítimas de gestões negligentes que permitiram ao Atlético uma grande evolução, quando eles ao contrário, sofreram um período de paralisia. Nós perdermos um tempo interminável brigando dentro de casa. Atleticano contra atleticano, diretoria contra organizada, organizada contra torcedor e torcedor contra diretoria. Enfim, uma confusão completamente desnecessária, pelo simples fato de não se compreender que o Atlético é um tecido vivo, composto de várias camadas e retalhos que quando juntados, produzem uma química especial que é nossa essência. Paixão incondicional e amor pelo Clube nos aproximam do jeito argentino de torcer.

É nisso que eles argumentam que estão nos superando. Os caras do lado de lá dizem que estamos engessados, separados de nossos torcedores mais apaixonados, apenas com a elite rubro-negra nas arquibancadas enquanto eles, hoje, têm um grande nível de organização espontânea, materializada em dezenas de iniciativas surgidas dos próprios torcedores. Se reconheciam que no passado nossa torcida era mais quente, hoje dizem que isso se perdeu e que eles, hoje, é que são donos do maior espetáculo nas arquibancadas do Paraná, com luzes e camisões. Dizem que a nossa alma guerreira se perdeu.

Poderíamos e precisamos ter de fato muito mais iniciativas para potencializar tudo o que acontece na Arena. Mas o show de luzes já fizemos há muito tempo nos jogos da Libertadores. O que faltou (se é que faltou alguma coisa), foi dar um nome ao boizinho. Bandeirões e coisas do gênero, para nós também não são novidades. O que está faltando talvez seja estimular a torcida a se relacionar com o Clube de uma forma mais fácil, com canais de relacionamento mais claros, mais facilmente detectáveis, como instrumento catalisador de iniciativas surgidas dos próprios torcedores. O clube parece sempre estar distante, apartado de sua massa, sem ouvi-la em coisas simples, que poderiam resultar em experiências inesquecíveis para todos. Sou atleticano por ter assistido ao meu primeiro jogo no meio da TIA – Torcida Independente Atleticana, e ter voltado para casa todo branco por conta de um talco que a galera soltava quando o time entrava em campo. Nunca esqueci disso e creio que precisamos de coisas assim para as novas gerações. Experiências inesquecíveis e diferentes, coisas com alma e vibração.

Por fim, não é preciso esperar cem anos para construir o nosso museu, aberto a visitação, multimídia, no estádio, com tudo o que tivermos direito. O River Plate na Argentina, estará lançando o seu museu, depois de anos vendo o Boca Juniors receber cinco mil visitantes no museu deles. Antes tarde do que nunca para os torcedores do River.

Não precisamos esperar cem anos para entender que o Atlético é poderoso.

Não precisamos esperar cem anos para realizar eventos para o nosso sócio-torcedor, com artistas de um nível melhor que Acarajete Love. E o torcedor do Atlético com sua alma guerreira, tem pressa! Tudo ao mesmo tempo agora.


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