Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

O efeito Geninho

02/10/2009


Depois de uma passagem pelo Paraná Clube, onde foi Campeão do Módulo Amarelo da Copa João Havelange de 2000, Geninho veio ao Furacão. Com um jeito sereno, tranquilo, consagrou-se como Campeão Brasileiro de Futebol, assim como o próprio Atlético. Já estamos carecas de saber esta parte da história.

Mesmo ainda havendo discussão sobre sua real contribuição - há quem diga que os verdadeiros louros são do louco Mário Sérgio Pontes de Paiva - a verdade é que o treinador ribeirão-pretano caiu nas graças do povo.

Para explicar a mim mesmo o espírito daqueles tempos, lembro a imagem de um sorriso torto e triunfante. Como plano de fundo, a linda Arena da Baixada, a inebriada torcida rubro-negra e um cartaz escrito a mão, levemente desfocado: "Geninho Eterno".

Depois, o que aconteceu em 2002, só os deuses sabem. Aquele lá de cima e seus correspondentes na Terra. Do auge da minha ignorância sobre o caso, acho que faltou humildade e profissionalismo, um pouco de cada lado.

Geninho se foi. Passeou mais uma vez pelo Brasil e pelas arábias sem muito sucesso.

Em 2008, voltou para nos salvar do fantasma do rebaixamento. E assim o fez. Parecia que Atlético e Geninho haviam nascido um para o outro, que um não era ou seria nada sem o outro. Eu mesmo acreditei nesta fantasia, quando escrevi sobre o nosso suposto "técnico para sempre", Eugênio Machado Souto, que deveria estar para o Atlético Paranaense assim como Sir Alex Ferguson está para o Manchester United.

Abre chaves

Enquanto Geninho foi e voltou, o Grêmio de Porto Alegre primeiro desceu e depois subiu de divisão. A partida que decretou o retorno do tricolor gaúcho à elite do futebol brasileiro ficou famosa como a "Batalha dos Aflitos". Escreveram até um livro e fizeram um devedê. Os gaúchos que me desculpem, mas o placar daquela tarde deve mais ao demérito do Náutico do que ao mérito do Grêmio.

O Timbu de Recife perdeu porque quis. E demonstrou ao Brasil o cúmulo da incompetência, vergonhosamente, com dois atletas a mais em campo.

Abre colchetes

Alguém aí viu o jogo da tevê da última quarta? O Timbu de Recife mais uma vez perdeu porque quis. E mais uma vez demonstrou ao Brasil o cúmulo da incompetência, vergonhosamente, com dois atletas a mais em campo.

Confesso que estava praticando minha torcida contra o São Paulo. Mas o resultado até que foi bom para o Atlético, pois infelizmente disputamos este e os últimos quatro campeonatos nacionais contra times como o Náutico, quando nossa vontade e capacidade seria disputar este e os últimos quatro campeonatos nacionais contra times como o São Paulo.

Enfim, neste jogo da vigésima sétima rodada, antecipado pela Globo, vi mais do que um mero confronto futebolístico de quarta à noite.

Abre parênteses

Ouvi os comentários idiotas e tendenciosos do Casagrande:

- Agora, com essa substituição, vai ficar bom.
- Bom pra quem, Casão? - perguntou o Cléber Machado.
- Para o São Paulo, lógico!

Fecha parênteses

Como eu dizia, desta vez vi um algo a mais. Vi um Geninho irreconhecível, impaciente, nervoso, expulso do banco, tendo de ser carregado ao vestiário por policiais. Vi algumas teimosias táticas. Vi a limitação física do time pernambucano, cuja responsabilidade é do camarada Ridênio Borges, que por aqui também fez o nosso Furacão andar em campo.

Fecha colchetes

Morro de pena de mim, torcedor do Atlético, mas fiquei com mais pena ainda do torcedor do Náutico. Ninguém merece tamanha frustração.

Fecha chaves

Nesse meio tempo, aqui de Curitiba, li a entrevista exclusiva de Paulo Baier à Furacao.com. Logo na resposta à primeira pergunta, uma surpresa: 'Na realidade, mesmo, quem me trouxe foi o Geninho. Foi ele quem me indicou, ele me fez o convite. E logicamente que, depois, foi o presidente que entrou em contato.'

Desta vez, no caso específico do Baier, tudo indica que Geninho tenha acertado. De qualquer forma, parece óbvio que havia muito poder nas mãos de um técnico qualquer. Geninho indicava, Geninho contratava, Geninho trazia o camarada preparador físico e até mesmo o próprio filho.

Triste é perceber que nada mudou. Somos uma instituição onde ninguém aprende com os próprios erros. Aonde o Lopes vai, o Lopes Júnior vai atrás. Se o Malucelli não sabe como faz, chama o Bolicenho, que pensa que sabe.


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