Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Frustração

28/09/2009


Pior que a derrota é o sentimento de que fomos melhores, o tempo todo. Pior que perder foi ter sentido, durante quase todo o jogo, o gosto da vitória, como se fosse algo que estivesse ali, ao alcance das mãos.

Frustrante. Não encontro outro sentimento que não seja a frustração. Aquela última bola de Paulo Baier deveria ter entrado, balançado as redes e decretado o empate. Mesmo assim, merecíamos mais do que apenas um ponto. O Atlético jogou um futebol organizado, e ao contrário de tantas partidas em que cobrávamos um time mais determinado, a equipe se mostrou aguerrida, com proposta de jogo e com a iniciativa de vencer. Dessa vez o time teve atitude, o que por sinal, faltou contra o Sport, dentro de casa.

Vejam como é o futebol! Dois jogos distintos, talvez equilibrando a pontuação dentro do que chamamos de justiça. Mas que tremenda injustiça! Não poderíamos ter deixado escapar, ao menos o empate, contra o líder do campeonato. Por outro lado, erguemos as mãos e agradecemos pelos três pontos que vieram diante do time pernambucano, que se não mereceu a vitória dentro da Baixada, no mínimo não mereceu perder. Mas perdeu, ainda bem! Azar deles, sorte a nossa.

E futebol é assim, nem sempre o melhor vence.

Mas a vitória nada mais é do que a consequência de uma trajetória. Na maioria das vezes, e quase sempre é assim, a vitória começa lá atrás, com um bom planejamento, organização e uma estratégia. O que se quer, o que se espera e o que está ao nosso alcance. De nada adianta, por exemplo, lutar por uma vaga no torneio sul americano e mais tarde jogá-la no lixo, a troco de voltar o foco ao brasileirão para não precisar amargar a série B do próximo ano. Essa tem sido a nossa sina de alguns anos pra cá.

Portanto, este sentimento de frustração tem sim explicação. Sinto-me frustrado por não ter visto o Atlético vencer o Palmeiras no último sábado, mas sinto ainda mais a frustração dentro do peito quando percebo que um mínimo de investimento, duas ou três peças de qualidade desde o início do campeonato brasileiro, poderia ter mudado a nossa triste história de estar por ali, figurando, ano a ano, entre os seis ou sete piores times do campeonato.

Volto a minha última coluna e insisto que se nossa diretoria não viesse brincando de fazer futebol desde meados do campeonato paranaense, uma derrota deste estilo, como foi contra o Palmeiras, não teria sido tão dolorida. Mas foi, não apenas pelo que o time apresentou em campo, mas pela necessidade extrema de vencer, principalmente quando olhamos um pouco mais abaixo da tabela.

Eu só espero, sinceramente, que o Atlético busque a salvação mais este ano. Além de futebol, precisaremos de sorte, e aí sim, com toda essa lição e todo esse martírio, chegará a hora de voltar o pensamento e o comportamento para dentro de campo, e repensar também se vale mesmo a pena entulhar a prateleira do clube com jogadores que sequer possuem qualidade para figurar em elencos da segunda divisão do campeonato brasileiro.

A não ser que a proposta para 2010 seja outra.


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