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Michele Toardik
Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.
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Mais sorte do que juízo
21/09/2009
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A partida de sábado – assim como muita coisa nos últimos tempos - foi no mínimo estranha...
Cheguei logo cedo na Baixada, com ótimas expectativas, inacreditavelmente tranqüila e super confiante na vitória rubro-negra. Nos momentos que antecederam a partida, permaneci observando atentamente o nosso lindo estádio sendo povoado aos pouquinhos e, enquanto isso, me peguei pensando no quanto a gente tem sofrido e se decepcionado.
O cenário atual não é dos mais animadores, sem a possibilidade real de galgar uma vaga no G4, o que resta é levar esse Brasileirão com a maior dignidade possível, preservando o nosso lugar na elite e – POR QUE NÃO? – lutar para conquistar uma vaga na Sulamericana do ano que vem, nem que seja para jogá-la pelo ralo como temos feito recidivamente.
Os vizinhos de cadeira foram chegando e como sempre rolou aquela conversinha informal, onde levantamos essas questões, outras polêmicas, fizemos projeções – positivas e nem tão positivas -, lamentamos as restritas pretensões, reclamamos de alguns jogadores, porém, sempre mantendo a velha confiança atleticana, relembrando os momentos de vacas mais magras, onde nem tínhamos uma casa e etc.
Confessei aos amigos: a minha eterna impaciência com o Marcinho – a qual jamais foi convertida em vaia ou qualquer outro tipo de ofensa -, a minha insegurança com o Gallato – do qual já fui fã convicta -, a minha indignação com o Wallyson por ser tão relapso com o seu próprio talento e, da minha falta de compreensão com algumas “atitudes” do ilustre Delegado.
É claro que falei muito mais do que isso, mas nem vale a pena repetir tudo aqui...
Pois bem, de todos esses “assuntos” somente o Marcinho calou a minha boca, mesmo que momentaneamente, e no decorrer do jogo a tranqüilidade inicial se esvaiu dando lugar ao desespero e a incredulidade. O desespero, obviamente, ficou por conta da peleja horrível que tivemos de encarar – em que pese o excelente resultado - e a incredulidade diante daqueles que contribuíram negativamente para uma situação que já estava difícil.
Em momentos como esse não consigo deixar de questionar: Será que realmente alguém acredita que uma vaia irá modificar uma circunstância negativa? Será que alguém em sã consciência imagina que um jogador vai acertar um passe e/ou fazer um gol em decorrência de uma vaia idiota? Então, para os que não sabem a resposta a essas singelas indagações eu vos digo: - Não “vuvuzelas”* chatas, vocês não irão ajudar o nosso Atlético!
E segue o recado: se for pra faltar com o respeito, economize seu “setentão” e permita que um torcedor ocupe o seu lugar!
Esse fogo-amigo, a falta de juízo e a traição sem tamanho no DECORRER da partida, só pode ser tomada como a expressão mais pura da arrogância dos consumidores atleticanos e não dos seus torcedores fanáticos. Dói demais esse desrespeito, que é direcionado também ao torcedor que canta, ao jogador que luta – mesmo não sendo a maioria – e a nossa história!
Quer reivindicar alguma coisa? Demonstrar sua insatisfação? Espera o término do jogo!
Encerrado o desabafo, reconheço a importância dos três pontos obtidos, mas ainda estou em pânico! Um temor sem tamanho em virtude dos próximos compromissos do nosso Furacão, mas daqui a pouco passa... o amor toma conta e lá estou eu cheia de confiança novamente.
E neste momento desejo ao Furacão muita sorte mesmo! Até que recupere o seu juízo...
* Pra quem não acompanhou a última Copa das Confederações, vuvuzela é uma corneta de origem africana, capaz de emitir um ruído entediante como o de uma sirene ou o de um elefante.
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