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Juarez Villela Filho
Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.
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Sacanagem. Traição. Furação de “zóio”. Pensei em vários termos para usar, mas fiquei com o primeiro mesmo: o aumento abusivo do plano de sócios, neste momento é um tiro no pé. Sacanagem é muito forte e estaria ofendendo alguns amigos que estão dentro do clube e que podem ter defeitos, mas maldosos e sacanas não são. O pior de tudo é ver que a atual administração peca justamente num dos maiores pecados da anterior ao não mensurar corretamente quanto vale o apoio do torcedor atleticano.
Julgo o aumento extravagante de 40% um tiro no pé, porque se no início temos a sensação de que o torcedor atleticano saiu perdendo, a médio e longo prazo quem sai perdendo é o clube. Além de perder de cara uma boa fatia de torcedores que simplesmente não pode arcar com este custo excessivo ainda que haja uma fatia de atleticanos ávida por sua cadeira na Baixada, iremos aos poucos perdendo mais e mais adeptos, tanto pelo preço começar a ser proibitivo, como pela “ficha” que vai cair ao nos depararmos com um aumento bizarro, desproporcional e fora de hora e pelo principal motivo, que é pagarmos muito por um produto de qualidade nada mais que mediana.
O que me deixa constrangido mesmo é o porquê deste aumento agora, durante o plano, sem mais nem menos e nenhuma justificativa plausível. Se fosse no aniversário do prazo de associação, na virada do ano, ou com a promessa de uma grande contratação até buscaríamos alguma justificativa, por mais inexeqüível que pudesse ser. Mas enquanto temos o IPCA acumulado dos últimos 12 meses em 4,49%, enquanto o INPC variou 4,57%, o gás subiu coincidentemente ontem em pouco menos de 15%, enquanto o salário mínimo foi reajustado em 5,9%, enquanto a ANEEL autorizou aumento de 13,5% em média da energia elétrica, o Clube Atlético Paranaense, que faz e continuará fazendo campanha nada muito diferente das anteriores no nacional, reajusta em 40% o valor do seu plano societário.
Não entrarei no mérito do aumento, da necessidade em se fazer caixa, mas o próprio Atlético viu, teimou, brigou contra os fatos e percebeu que os planos anteriores, mal feitos e principalmente caros, não levavam mais do que os três mil atleticanos de sempre a se associar. E mesmo assim insiste no erro aumentando de forma aleatória o plano sem nenhuma justificativa plausível, com um índice que nem mesmo os Planos Verão, Bresser, Cruzado ou outra pirotecnia à la Collor ou Sarney conseguiria explicar.
Uma pena. Uma pena darem essa apunhalada nas costas do torcedor que acreditou num plano, paga por ele mesmo com campanhas extremamente modestas como dos últimos anos e vai a campo ajudar o mediano time rubro-negro. Uma pena que o torcedor que ao invés de soltar rojão no treino, invadir vestiário para tirar satisfação com jogadores, uma torcida que ao invés de ameaçar atletas no aeroporto, uma nação que diferentemente de todas as outras torcidas que viram em campo o que temos visto por aqui nos últimos anos, abraçou o time, se associou em massa e tomou a Arena somente de sócios, algo então inédito no Brasil.
Uma pena que este comprometimento do torcedor seja assim recompensado pela direção atleticana que um dia após o fechamento da janela de contratações nos ofertará o mesmo produto de qualidade discutível com um aumento de 40%, de uma hora para outra, sem nenhum índice que a justifique, no meio do contrato, sem nenhuma discussão e com um prazo de 10 dias até vir a primeira facada.
Obrigado direção atleticana. Enfiaram minha consideração por eles lá mesmo.
ARREMATE
“E mesmo assim ainda eu não vou dizer que já te esqueci/
Se alguém vier me perguntar/
Nem mesmo sei que vou falar” - Quando – ROBERTO CARLOS
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