Bruno Rolim

Bruno Rolim, 42 anos, é bacharel de Turismo e jornalista. Filho de coxas, é a ovelha rubro-negra da família. Descobriu-se atleticano na final do Paranaense 90, com o gol do Berg. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2007.

 

 

A velhinha de Taubaté*

26/04/2004


Há um mês, estávamos em estado de graça. Invictos, em busca de mais um título estadual, rindo do vexame rival na Libertadores. Hoje, nosso 21º titulo tornou-se o 32º deles. Tudo estava feliz nos lados do Joaquim Américo.

Os ingressos sobem para 30 reais, mas a Velhinha pensa: "ao menos o Atlético vai trazer jogadores de nível, e vamos disputar o Campeonato Brasileiro, lutando pelo título". Certo.

Perdemos um jogo ridículo na ida da final, no Couto Pereira. Tá, mas a Velhinha de Taubaté pode justificar pelo fato de "ser um clássico, estivemos com 10 em campo". Ótimo.

Uma semana depois, nosso provável 21º titulo tornou-se o 32º deles. "Mas no Brasileiro vamos ficar na frente deles, será fácil". Vamos ver.

Quatro dias depois, jogamos contra o São Paulo, no Morumbi. Perdemos de 1 a 0 para um time com 9 jogadores em campo. A mesma Velhinha de Taubaté de antes pode justificar: "mas o São Paulo é um time forte, e o jogo foi no Morumbi". Pois é.

Agora, três dias depois, numa Baixada vazia, contra um adversário mais frágil, e com 10 jogadores, esperava-se uma vitória para a reabilitação. Bem: 3 a 0 para o Figueirense. Vai justificar como agora, Velhinha? Vai falar o quê?

Em tempo: estou triste, desapontado, mas nunca largarei minha paixão pelo Atlético. Aqueles que torcem pela ruína do clube por conta dos devaneios de seus comandantes não são verdadeiros torcedores. Lamento pelos que comemoraram os gols do Figueirense e a penalidade desperdiçada pelo Ilan, apenas isso. O Atlético não merece isso de sua própria torcida. Protestem, mas não torçam contra.

*Criada durante o Governo Figueiredo, a Velhinha de Taubaté não é mais personagem das crônicas de Luís Fernando Verissimo (seu criador), mas permanece um símbolo da fé cega no Brasil. Como a fé cega de alguns torcedores que - como eu - acreditaram nas intenções da diretoria em formar um clube para ser campeão nacional em 2004.


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