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Daniel Machado
Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.
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Sobre o projeto atleticano
21/08/2009
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A relação tripla entre custo, prazo e escopo é o mantra universal do gerenciamento de projetos. Alguns autores consideram a qualidade como um quarto argumento, outros como um desdobramento do escopo, mas deixa pra lá. Isto é só uma introdução, que leva a uma analogia ao famoso projeto atleticano, em uma coluna sobre futebol.
De qualquer forma, simplifiquemos a função de um projeto como a interdependência de três fatores. Estabelecendo um dos pilares, é possÃvel combinar os outros dois para atender as necessidades especÃficas de cada organização. Fixando o preço, por exemplo, posso realizar certo trabalho em poucas horas, com resultados sofrÃveis; ou posso realizar o mesmo trabalho durante vários anos, praticamente beirando a perfeição. Por outro lado, fixando o tempo, posso realizar um trabalho com qualidade máxima, em troca de uma pequena fortuna; assim como posso entregar uma bela porcaria, a preço de banana.
O sonho de qualquer gerente de projetos é a autonomia para encontrar o balanço ideal. Mas, infelizmente, a teoria não é prática. No paÃs em que impera a cultura do tá-feia-a-coisa, do quero-tudo-pra-ontem e do deixa-pra-última-hora, não resta outra opção senão fornecer o produto ou serviço na base da correria, baratinho, do jeito que dá.
E na polÃtica é assim e na economia é assim e na justiça é assim e no esporte é assim e no futebol é assim e no Atlético também é assim.
Pior. Estamos cegados por uma paixão, que teima em contrariar a razão. E quando o assunto é administração, uma paixão dessas se transforma em uma nuvem negra e pesada, prestes a descarregar tempestades à menor agitação.
A verdade é que somos adoradores do impossÃvel. Desejamos montar o melhor time do mundo, da noite pro dia, com poucos trocados em caixa. Não passa de uma ilusão o igualmente bom, bonito e barato. O que existe, e devemos exercitar, é o ajuste de nossas expectativas em relação à realidade.
Quando o fator custo é limitante, e desejamos o máximo em desempenho, é preciso sacrificar o prazo. Confinados ao tamanho do cofre atleticano, só teremos um time competitivo, capaz de disputar tÃtulos nacionais e internacionais, ano após ano, se abdicarmos da pressa e lançarmos mão de uma filosofia de qualidade total.
Antes de mais nada, precisamos de objetivos claros. Alguém aà sabe exatamente em quê consiste o projeto atleticano? Transformar o clube no maior das Américas? Talvez, mas é vago e ambicioso demais. Terminar o terceiro anel da Mauá, em contrapartida, é suficientemente evidente, porém pouco ambicioso.
Mas a definição de metas não é tudo (afinal, a Mauá ainda está lá, plantada, aguardando um anel que não chega nunca, feito uma pobre garota que namora há 12 anos). Precisamos de estratégia, planejamento, inovação, comprometimento e uma gestão cuidadosa das relações éticas e humanas.
Não sabemos ao certo aonde, nem quando, nem como, mas o Atlético vai chegar lá.
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