Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Céu e inferno

20/08/2009


Nem tão céu, nem tão inferno.

O Atlético embalou quatro vezes seguidas e não foi por acaso. Fatores positivos contribuíram e somaram-se a outros fatores dentro de campo, principalmente a atitude de Lopes e o comportamento dos jogadores. E o Atlético desta quarta-feira a noite, contra o Vitória, foi um time sem atitude e com comportamento inadequado? Eu diria que sim. Jogou abaixo da média e em uma partida do nível das últimas que o Furacão venceu fora, desperdiçou a chance de, pelo menos, empatar.

Mas é justamente aqui neste parágrafo que chamo a atenção. Possui o Atlético, atualmente, um elenco pronto para seguir até o final do campeonato brasileiro? Não, não possui. E isto já deveria ter sido resolvido, desde o início da temporada, quando a torcida alertava para os reforços. Este time do Atlético não é nada diferente daquele que levou sapecadas e foi derrotado por tantas rodadas do primeiro turno, mas obteve os diferenciais, e aí voltamos às duas virtudes do início do texto: atitude e comportamento. Quando me refiro ao comportamento, incluo a disciplina e organização tática. É um time guerreiro, porém limitado.

Então fica aqui, mais uma vez, registrada a necessidade de reforços. Reforços, não contratações. Portanto, o risco de uma sequência vitoriosa deixou também suas marcas. Não se pode mascarar um quadro, assim como não se pode mascarar que Zulu foi mais uma aposta, é um avante esforçado, brigador, mas não é nada do que o Atlético precisa ou merece. Wallyson é bom jogador, embora esteja passando por um momento de “moleza” ou “mundo da lua”, mas não é uma referência de área.

Ouvi ontem de um comentarista esportivo (um dos mais chatos, por sinal) que todos os times possuem, atualmente, reposições. Só esqueceu de dizer que alguns times possuem apenas substitutos, outros possuem reposições. Reposições são peças a altura do clube, que não comprometem e dão conta do recado. Substitutos são apenas incumbidos de tapar os buracos e cumprir os números em campo. Tomando como exemplo, a única reposição de Zulu seria Patrick, outro avante colocado na fogueira e com a obrigação de dar conta do recado após a saída do descompromissado Rafael Moura.

Dirão alguns: “pô, mas o Rogério só esperou o Atlético perder para escrever que está tudo uma porcaria!” - ou - “é um corneteiro, nunca se contenta com nada”. Bom, o dia em que eu me contentar com derrota, aí me avisem que vou procurar auxílio psicológico. Não esperei a derrota, e escreveria exatamente as mesmas palavras caso o Atlético tivesse vencido o jogo, e poderia ter vencido. Poderia ter “achado” os três pontos, mas em momento algum Wesley teve o mesmo desempenho, Marcinho teve a mesma disposição ou Valência teve a mesma pegada. O Atlético em Salvador parecia um time cansado. Um time que ficou devendo, e muito, não sejamos hipócritas em esconder a realidade.

Fica mais uma vez comprovada a carência do plantel do Atlético, e é justamente neste ponto que estamos pecando, ano após ano, em um dos campeonatos mais interessantes do mundo como é o brasileiro. Montar um time suficiente para permanecer na primeira divisão vem sendo uma constante. Pouco, pouco para um clube do tamanho e do porte do Atlético.

Fica evidente, outra vez, a necessidade de qualidade no elenco. Precisamos de mais Azevedo´s, de mais Nei´s, de mais Pimba´s ou Renan´s. Vamos continuar atentos e de olho, cobrando do clube, como diz o meu amigo Gabriel Barbosa, mas também não vamos desanimar, como diz meu amigo Silvio Toaldo Junior.

Sejamos realistas, apenas, pois o céu da tabela do campeonato não é tão distante, embora seja difícil de ser alcançado, mas o inferno, a qualquer deslize, está muio mais próximo do que imaginamos. Basta uma venda nos olhos.


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