Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

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14/08/2009


A partida contra o Goiás foi um desastre. Fiquei deprimido depois do apito final. Confesso que procurei, procurei, procurei, mas não achei mais esperanças (mesmo antes do fim de agosto, Juarez). Cheguei a imaginar como seria encarar o purgatório da segundona depois de tanto tempo na elite do futebol brasileiro, desde 96.

Mas aí veio o afastamento das laranjas podres e a chegada de um tal delegado. E buscamos forças sabe-se lá de onde. Do âmago, talvez. Afinal, rubro-negro é quem tem raça e não teme a própria morte. Não sei exatamente o que aconteceu. Se foi uma coisa, se foi outra, ou se foram as duas coisas juntas. O fato é que o time mostrou, no mínimo, que tem vergonha na cara e conseguiu vencer contra todos os prognósticos, sem levar gols, três partidas seguidas fora de casa (se considerarmos também o mando de campo perdido, em Londrina, contra o Fluminense).

Primeiro, mostraram o caminho da rua para a panelinha – Rafael Moura, Zé Antônio, Alberto, Antônio Carlos e Netinho – que já era uma panelona, de pressão. Estava mais do que na cara o complô da gangue, desde o episódio em que um tomou as dores do outro perante a torcida. Era só questão de tempo para explodir.

Antes de mais nada, é preciso reconhecer que a diretoria mostrou coragem para tomar esta decisão, pois, por mais absurdo que isso possa parecer, muito dinheiro foi investido nesses jogadores. Acho que o fato de Netinho, que não vinha jogando, ter entrado no mesmo saco dos outros, prova que o motivo foi, de fato, indisciplina e formação de quadrilha. Se bem que poderia ser deficiência técnica, desobediência tática, incapacidade física... Podem até escolher o motivo do desligamento dos cinco. No fim das contas, ficou provado que não fazem a mínima falta.

Segundo, a chegada de Lopes. E aí eu incluiria logo um terceiro fator: a contratação de Leandro Niehues, que estava no ex-Jota Malucelli, para integrar a comissão técnica. Para definir a questão, achei interessante o comentário do Bizinelli na pelada de terça. 'O Atlético ganhou um técnico e um treinador,' disse ele. Um cara para berrar ao lado de campo, beijar o crucifixo e ligar para a Dona Elza, no meio do jogo, para rezarem juntos uma mandinga. Acima de tudo, um tarimbado, para impor respeito e assumir responsabilidades. E um cara para o trabalho duro do dia-a-dia, que já mostrou seu potencial e merece confiança.

No Manchester United é assim: Sir Alex Ferguson só aparece na hora do jogo. Dizem até que pergunta ao auxiliar quem treinou bem e quem deve ser titular. Tornou-se uma figura decorativa, sentada no banco de suplentes, mas indispensável, simplesmente por sua presença. Algo me diz que será assim no Atlético. É válido apostar em jovens relativamente desconhecidos, como fez o Grêmio com sucesso, nos casos de Felipão, Tite e Mano Menezes. Mas também não adianta colocar o aspirante no meio da fogueira, para apagar o incêndio. Leandro Niehues já é o treinador, mas será também o próximo técnico, podem apostar. Então que aproveite o estágio, e possa assumir o comando, um dia, com um bom legado de Lopes, com uma base bem montada, com o clube em um alto pico de Ibope.

Quanto à polêmica entrevista do Petraglia, prefiro não comentar. Afinal, já deveríamos estar acostumados com suas declarações, que devem ser tratadas como a nova gripe: não adianta pânico nem descaso.


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