Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Agosto

13/08/2009


Se por um lado é em agosto que o Clube Atlético Paranaense resolve acordar pra vida, é também o mês do cachorro louco. E, como não poderia deixar de ser, coisas estranhas acontecem no oitavo mês do ano, naquele em que minha querida mamãe faz aniversário.

Em agosto se confirmou o afastamento de alguns atletas, vulgarmente chamados de “laranjas podres”. Há um histórico de farras e indisciplina de alguns, mas Alberto, que fez história no nosso clube, foi o melhor lateral direito que vi jogar com a camisa do Furacão, vi aos prantos no Mineirão em 99 após ajudar na conquista da Seletiva e despedindo-se do clube rumo ao Velho Mundo, que vi dar um chapéu de nuca no violento lateral Claudiomiro em frente a reta dos coxas e sair dando risada, enfim, esse sujeito simples e que ama o clube não me parece ser um mau elemento, má influência, ou coisa ruim. No mínimo eu o respeito.

Os demais tiveram lá sua importância, mas parecem não ter um compromisso muito grande com o clube que lhes paga o salário. De Netinho me sinto à vontade em falar, pois já tive o privilégio de conversar com ele e saber de uma suposta atitude de indisciplina ante o antigo comandante me causou espécie, pois sempre me pareceu um sujeito bem “da paz”. Mas se errou, merece castigo. Os casos mais emblemáticos são dos “euro atletas” Antonio Carlos e Rafael Moura.

Antonio chegou e tomou conta da defesa. Sempre bem postado, fez também alguns gols, com Ney Franco em 2007 acertou o sistema defensivo e junto do então novato Rhodolfo e do inconstante Danilo fechou a defesa e, aos poucos, se tornou líder. Essa liderança entretanto passou a ser exercida também fora de campo e a má forma física incidiu sobre sua condição técnica e o vimos cair assustadoramente de produção de uns tempos pra cá. Sem dormir direito, ninguém trabalha direito!

Já Rafael Moura sempre foi um nada. Sem se firmar em nenhum dos clubes pelos quais passou, aqui resolveu dar a volta por cima e com muita luta, um futebol de superação e, contando com os milagres de Galatto lá atrás, os cruzamentos de Netinho, voltando de contusão e mais alguns outro$ fatore$ que fizeram o time correr muito no final do ano passado, foi importantíssimo para que permanecêssemos na primeira divisão.

Seu maior problema é achar ser mais do que é. Jogador extremamente limitado, quando joga nesse limite é bastante útil, mas sempre tenta um calcanhar, uma finta que invariavelmente não dá certo, falou demais (e por isso teve que ouvir demais) enquanto deveria resumir-se a sua insignificância e jogar sua bolinha que nunca foi grande coisa. Não à toa, somente equipes da segunda divisão querem seu futebol. Uma dose de humildade o faria bem e poderia ter escrito uma bonita história no Atlético.

Em agosto de 2005 foi a derrocada coxa. Este ano com Ney Franco acho que escapam e, tirações de sarro à parte, se eles caírem vamos continuar nos nivelando por baixo, nos conformando com a desgraça alheia ao invés de almejar vôos mais altos. Prefiro que um fique com “inveja” do outro e tente superá-lo nas competições nacionais e não essa rivalidade para ver quem é menos pior ano a ano. Temos perdido espaço nacionalmente e, por isso mesmo, vemos as lamentáveis cenas como em Cascavel, com mando dos coxas e com mais santistas no estádio. Mas se eles bobearem, agosto pode ser de novo o mês do cachorro louco.

E saiu esta semana uma entrevista com o ex-mandatário rubro-negro Mário Celso Petraglia. Assim como nosso Governador Requião, ele tem como característica falar mesmo, custe o que custar (ainda que nosso Chefe do Executivo não tenha gostado do excelente programa da Band) sem se importar muito com o que vão achar. De novidade mesmo só o apoio às estatais apoiarem os clubes, mais pela questão cultural que permeia o futebol tupiniquim do que pelo lado esportivo ou mesmo financeiro e, principalmente, a polêmica idéia de um estádio em comum com o Coritiba.

Para quem já defendeu uma fusão com o Paraná, até mesmo entre os três clubes da capital, para quem proibiu a entrada de qualquer artefato das torcidas e contratou uma fanfarra de Antonina para servir de animadora, para quem aumentou em 100% o preço dos ingressos às vésperas tanto do aniversário do clube como das finais do Paranaense em 2004 e rachou a torcida. que ainda teve que ver o maior rival comemorar pela 1ª vez na história um título dentro do sagrado solo da Baixada, nada que assuste.

Petraglia tem uma visão empresarial da coisa, trata o futebol como um grande negócio. Talvez por isso tenhamos visto nos últimos anos um time que era um verdadeiro negócio, uma coisa, um troço em campo com Erandir, João Leonardo, Marcelo Madureira, volta de Rodriguinho, Selmir, Thiago Frangoso na meta, dirigidos por gente do tipo de Bob Fernandes ou Mário Sérgio, supervisionados por Edinho “passaporte quente” Nazareth e sob o olhar atento do cientista russo Antonio Carlos Gomes, aquele que talvez preferisse Rodrigão do que Washington porque disse que este não tinha coordenação motora!

Visões diferentes e que me cabe respeitar. Ainda mais vindo de uma pessoa incomum, que ao lado de Jofre Cabral e Silva e do chinês Evangelino, revolucionaram o futebol paranaense em suas épocas. No mês do cachorro louco a gente releva algumas coisas.

ARREMATE

“O amor é a coisa mais triste/
Quando se desfaz”
- O amor em paz – TOM JOBIM & VINICIUS DE MORAES


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