Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Hora da união

19/04/2004


No apito final de Marcos Tadeu Mafra, a única coisa que me deu vontade de fazer foi chorar. Sentei humildemente em minha cadeirinha e chorei, um choro de uma torcedora apaixonada que não estava preparada para a derrota. Mas quando meu pai e meu irmão me chamaram atenção para as cadeiras que estavam sendo arremessadas no gramado, meu choro foi de decepção. Foram lágrimas que pouco a pouco me mostraram uma dura realidade: o Atlético já não é mais o mesmo.

Hoje, não somos mais uma nação unida por um objetivo comum: transformar o Clube Atlético Paranaense no maior e melhor time do planeta. Sim, porque no meu mundinho perfeito, um dia o Atlético se transformará nisso. Hoje, somos divididos em diretoria e torcedores. Entre os diretores, os pró e contra Petraglia. Entre os torcedores também. Mas também tem as sub-divisões: a turma da reta, a turma da curva, a turma da social, a turma dos camarotes, a turma de cima, a turma de baixo... Puxa, antes de sermos "Fanáticos", "Ultras", "reta", "curva", "sociais", somos ATLÉTICO! Somos fanáticos, apaixonados, passionais, vibrantes. Somos uma legião de pessoas que não pensam em si, pensam no Clube Atlético Paranaense, a razão disso tudo.

O Atlético vive hoje um momento bastante delicado. Estamos fragilizados, mas não podemos jamais ficarmos enfraquecidos. Perdemos um título, na nossa casa. É difícil engolir isso. E pior, perdemos para nosso maior rival, que há 26 anos não sabia o que significava ganhar um título em cima da gente. É difícil aceitar tudo isso.

O que não podemos admitir é a desunião. Temos que lutar com todas as nossas forças para que o "espírito atleticanista" vença mais esta. Quinta-feira começa uma nova batalha, muito mais importante que o Estadual. Não há tempo para lamentações. Nossa briga agora é pelo Brasileiro. Nosso time, como sabemos, não é invencível, não é uma super-máquina. Mas, se todos (diretoria, jogadores e torcedores) se unirem em torno de um único objetivo, tenho certeza que o Atlético fará uma maravilhosa campanha no Brasileiro. O Atlético sempre se fortaleceu nos momentos difíceis, dessa vez não será diferente.

Por isso, verdadeiros atleticanos, vamos nos unir. Vamos recuperar aquela magia que sempre rondou os ares da Baixada. Vamos adotar o lema da Fanáticos (até agora a frase mais propícia que encontrei para driblar esse momento complicado): "O Atlético nos une, a união nos fortalece". É isso. Muita gente está vibrando em ver hoje o Atlético na lama; atleticanos brigando com atleticanos; atleticanos destruindo o que é dos atleticanos. Não podemos admitir isso. O Atlético é muito maior que tudo e que todos. Resta a gente novamente encontrar esse sentido.


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