Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Panela

07/08/2009


No meio do caminho havia uma panela. Uma panela, no meio do caminho. E enfim ficou provado que uma panela pode comprometer e destruir o planejamento de um clube.

Além de dar nome ao utensílio que serve para levar alimentos ao fogo, e eventualmente para surrar maridos que chegam em casa borrachos, no meio da madrugada, alguém um dia usou a palavra para descrever um amontoado de cupinchas mal-intencionados.

Voltemos à escola. Em uma turma de quarenta, por exemplo, era quase impossível que todos se tornassem amigos, tal era a divergência de opiniões e afinidades. Então se formavam três ou quatro tribos. E mais meia dúzia de flores inanimadas, que não se relacionavam com ninguém, só com o lápis e o papel mesmo, que brotavam na primeira fileira de carteiras logo no primeiro horário da manhã, e depois murchavam no fim das aulas, nunca ninguém mais os via.

De qualquer forma, quero dizer que é natural, intrínseco do ser humano, que nos relacionemos cada vez mais com cada vez menos pessoas. Onde, então, mora a sutil diferença entre um grupo e uma panela? Por que formar grupos é bom e formar panelas é ruim?

Um grupo respeita os outros grupos. Uma panela não. Um grupo luta por um ideal, propósito ou objetivo, e utiliza um meio para suas conquistas. Uma panela também, mas passa por cima de quem estiver na frente, se for preciso.

Em um time de futebol, quando a panela é composta justamente pelos jogadores mais caros do elenco, que estão há mais tempo no clube, acontece o pior. E alguns infelizes torcedores, como eu, não entendem como isso é possível. Como pode, uma instituição de história tão bonita, de estrutura tão fantástica e invejada, dirigida por pessoas inexperientes, talvez, mas corretas de caráter acima de tudo, que conta com atletas de reconhecido nível técnico e vitoriosas promessas das categorias de base, não conseguir encontrar seu carma de vitórias?

Fica a certeza de que não precisamos de baderneiros e catimbeiros. O Clube Atlético Paranaense não depende de gente assim, só dos que querem trabalhar sério e vencer, dentro de campo e na vida.

Por fim, um lembrete, para salvar a reputação do vocábulo. Não importa se o Delegado esteve durante um ano longe dos gramados. Panela velha é que faz comida boa.


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