Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

A revolução - parte 2

17/07/2009


No fim das contas, depois de uma apresentação convincente contra o Internacional, o time já não era tão ruim. Uma trancinha a mais, uma nova postura tática, o reencontro do carequinha Nei com os gramados, as negociações pelo retorno de Alex Mineiro e a boa notícia da rescisão do contrato de Claiton, lá do outro lado do mundo. Um futuro promissor sorria para o Furacão.

Afinal, quem foi o mané que falou em revolução?

Como se fosse possível apagar da memória o vexame do último Atletiba. Como se a boiada que passou tantas vezes pela nossa porteira, e pisoteou nossa honra, não passasse de um terrível pesadelo.

Não nos deixaram nem aproveitar uma semana de alto astral. Bastou a frustração da viagem a Santo André e uma atitude apática contra um time de masters, além de um show de passes errados, para que nos devolvessem à realidade.

Então, cá está novamente o mané que falou em revolução.

Sim, mané por vários motivos. Primeiro, porque pensei que existissem grupos de torcedores com legitimidade e vontade de ajudar, ao invés de uma coleção de críticos. Segundo, porque acreditei que a revolução começara dentro de campo, depois de uma suposta sopa de vergonha na cara, servida no CT do Caju, a um bando de atletas que, ao que tudo indica, é mais a fim de um churrasquinho com pagode. E, finalmente, porque me sinto abandonado por um Atlético em estado catatônico, porque não passo de torcedor indigente, doente, com dor de estômago e ânsia de vômitos.

Sentado na minha cadeira de mané, ali no Setor 108, já me secaram as lágrimas. Perdi a voz.

Dizem que uma só andorinha não faz verão. Por enquanto, um só mané não é capaz de sustentar um ideal inspirado pelas máquinas de "Matrix", ou de "Eu, Robô". Já pensaram: "Eu, Mané!"?

A verdadeira revolução começa domingo, com três possíveis motins programados, ordenados sequencialmente conforme prioridade. 1) Uma sapecada nos coxas: uma vitória domingo pode nos resgatar a confiança. 2) Um pronunciamento brioso da diretoria, com o anúncio de medidas concretas, demonstrando à nação atleticana que ainda merecem crédito e respeito. 3) A nova Queda da Bastilha, 220 anos depois.


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