Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

A revolução – parte 1

10/07/2009


Semana passada, escorri uma tênue veia filosófica para tentar entender a fase medonha que vive o nosso Atlético. Como se fosse possível aplicar filosofia ao futebol. Como se o futebol pudesse definir o nosso Atlético.

Todos nós concordamos, até os mais relativistas e otimistas: o time é fraco. O problema é que ninguém sabe o motivo. Aliás, todos sabem, ou acham que sabem. Cada um grita um palpite diferente.

– É o esquema tático!
– Não é! É corpo mole, falta de comando!
– Volta, Petraglia!
– Não vai resolver. Os maus resultados não são de hoje!
– Quatro anos de pindaíba!
– Por acaso os salários não estão atrasados?
– Estão em dia. É grossura mesmo.
– E falta de respeito.
– Má influência e politicagem na imprensa!
– A culpa é do Héber!

Enfim, não importa. Se a raiz de todos os males fosse tão superficial, já estaria podada há tempos.

Ocorre algo obscuro no CT do Caju. Algo muito sutil e arrebatador. Talvez tenham lançado um mau-olhado. Mandinga mesmo. Para a próxima partida, contra o Inter, carreguem seus patuás. Contra o Grêmio, nem a reza pro santo resolveu. Alguém conhece uma mãe-de-santo?

Hoje, somos um bando de encanadores, fuçando em uma tubulação que sabe-se lá como foi projetada. Todos buscam o ponto exato do vazamento. Quebramos um furinho aqui, mudamos uma junta ali, adicionamos um cotovelo acolá. E dá-lhe água novamente.

Está ficando cansativo. Muita conversa fiada rola por aí. Puro papo de elevador. Vem um zagueiro e pede mais atenção. Atenção? 'Prestem todos atenção e nossos problemas se resolverão.' Até parece. Aí vem o presidente e pede paciência, diz que ainda não é chegada a hora do desespero. (Será que, inconscientemente, ele não quis dizer que o desespero certamente virá?)

Precisamos logo que a casa seja demolida e reconstruída, sem mais remendos, suposições e línguas furadas. Alguns grupos já preparam protestos formais. Exigem atitude e cobram mudanças.

Vem uma revolução por aí?


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