Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Tudo igual, tudo diferente

22/06/2009


As tardes de sábado hoje em dia são diferentes. A molecada não joga mais futebol de botão tomando gengibirra e pipoca estourada na panela enquanto narra o jogo entre as equipes ali na mesa. Não existe mais aquela fascinação em recortar a Placar em busca de escudinhos e patrocínios para os goleiros de caixinha de fósforo. Hoje a molecada fica em frente a um Play Station com os olhos alucinados, varando madrugadas enquanto come pipoca de microondas e toma 1 litro de coca cola cada um.

Não se faz mais a gentileza de ceder o lugar no ônibus para uma pessoa mais velha, para uma gestante ou para uma mulher com criança no colo. O adolescente hoje faz de conta que não vê, mete o boné na linha dos olhos enquanto “viaja” ouvindo algo no volume máximo nos fones que saem direto do seu celular. Tudo é diferente demais.

A molecada não conhece seu vizinho, não joga mais bet´s tentanto derrubar latas de óleo com arremessos certeiros. No máximo se diverte em frente ao Nintendo wi jogando baseball. Tudo mudado demais.

Ninguém mais nos respeita dentro de casa. Mesmo com times médios, com um estádio acanhado, com o Tobogã atrás do gol de fundos, com o “Farinhacão”, com as arquibancadas tubulares no lugar no antigo ginásio, mesmo com o modesto Vanin do gol da 1ª vitória na Majestosa Arena, com o ainda desconhecido Lucas, com o franzino e pequeno Gabiru subindo diante dos altos beques adversários e fazendo gol de cabeça, mesmo com todas as dificuldades de ainda não termos uma estrela dourada no peito e somente com o sonho de um dia quem sabe enfrentarmos um Nacional da vida, tirar uma casquinha de um River Plate, em casa a gente sempre meteu medo, meteu banca nos rivais.

Independentemente do tamanho que tivemos, e hoje nos apequenamos de um jeito que somos o time que mais tempo ficou na lanterna e a direção parece achar normal, pois não se mexe para mudar isso, sempre fizemos nosso papel em casa. É fácil falar da arbitragem, novamente muito mal e tendenciosa, é fácil falar que só sofremos gols porque jogamos sem um goleiro de verdade, enfim, é fácil arrumar desculpas.

Demoramos 20 minutos para passarmos do meio campo. Conseguimos trocar oito passes seguidos e Márcio Azevedo quase derrubou a bateria da Ultras (chutou cruzado, imaginem e precisão) mas foi o lance mais bonito do semestre. Mais uma vez dependemos somente de bolas paradas para fazermos gols e agora que temos um batedor de verdade ele resolve rolar a bola pro lado ao invés de tentar direto!

Tudo muito diferente. Li semana passada uma matéria no site oficial com o preparador Riva sobre os 10 anos da Arena e ele falou com as seguintes palavras: “Nos primeiros minutos era pressão, com bolas na trave e chances de gol. Então tínhamos muita confiança, sempre sabendo que as coisas dariam certo.” Tínhamos culhão, tínhamos confiança, pegada, éramos um time formado não só por jogadores, mas por HOMENS que tinham uma honra a defender e se matavam em campo, pressionando adversários mais fortes, não temendo ninguém ao menos em nossa própria aldeia.

Hoje somos presa fácil inclusive dentro de casa. Tudo muito diferente.

TUDO IGUAL

Está tudo bem? Não, não está tudo bem.

Vamos dar a volta por cima? Perdão, com esse time que vem há um ano fazendo mais do mesmo não.

O grupo está fechado? Me perdoe se o presidente Malucelli, pessoa que me pareceu muito bem intencionada acredita que com esse time faremos algo melhor do que - mais uma vez- lutar para não cair. O que mais necessita acontecer para contratarmos? Mais uma derrota em casa, onde fizemos um mísero ponto?

O time jogou tudo o que podia dentro de sua extrema limitação. Sem goleiro e com Rafael Moura completamente desinteressado e implorando pra ser negociado, vimos um aguerrido time lutar, correr, se desesperar com mais uma péssima arbitragem e mesmo assim somente empatar com um adversário de qualidade.

Jogamos, além de contra um dos times que vai pontear o torneio, contra uma arbitragem maliciosa e contra os erros infantis de um goleiro que já entregou um título em casa pros coxas ano passado. Berg nunca mais jogou no alvinegrocinzaverde depois do que fez em 1990, porque esse imaturo e fraquíssimo cidadão que envergou a camisa nº 1 sábado volta a usar a camisa histórica do Atlético? A camisa que já foi de Caju, Laio, Picasso, Altevir, Roberto Costa, Marolla, Ricardo Pinto e Diego? E o time vai lá e passa a mão na cabeça do cara!

Passaremos mais uma semana “confiantes” em fazer uma boa atuação diante do Corinthians para mostrar um novo patrocinador de somente dois jogos (coincidentemente contra os dois grandes times de São Paulo) e comemorarmos como grande feito? Vamos lutar como loucos e cavar outro grande empate diante de um dos favoritos ao título e com grandes chances de papar a Copa do Brasil daqui uns dias?

Vamos continuar a fazer tudo igual e errado como temos feito desde 2006, quando a antiga direção, a mesma que colocou os atuais mandatários no poder resolveu achar que o futebol é somente um detalhe e não o principal de um clube eminentemente de futebol como o nosso?

Até quando vamos fazer tudo igual como temos feito, sem perceber que está errado?

ARREMATE

“Deixe de lado esse baixo astral
Erga a cabeça enfrente o mal”
Conselho, JORGE ARAGÃO


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