Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Corrente de união

19/06/2009


Anteontem assisti à primeira perna da final da Copa do Brasil. A cada cinco minutos, lembrava o quanto estivemos próximos de eliminar o Corinthians, apesar deste time horrível que nós temos.

Ou será que não é tão ruim assim? Já cansei de me desmentir aqui. Eu disse que não gostava mais de futebol, só do Atlético, mas esta semana acompanhei também a Copa das Confederações. Eu disse que o time era bom, que trilhávamos o caminho certo com Geninho, mas depois me irritei com as improvisações e substituições equivocadas. Semana passada, sugeri até uma reforma estratégica no departamento de futebol.

Então eu não sei se este elenco é bom ou ruim. Eu acho, na verdade, que é meia-boca. Em uma escala de 0 a 10, o pior time do Brasileirão é 4½ e o melhor é 5½. O Atlético é 5. Em resumo, o campeonato é fraco e equilibrado, nivelado por baixo. Em conclusão, é muito fácil se destacar. Basta um pouquinho de organização e boa vontade.

Dia desses, alguém destemperado me disse que os jogadores do Atlético não são ruins. São sem-vergonha, isso sim. 'Os caras são bons de bola, mas só jogam quando querem. Sabe por que fizemos partidas decentes contra Corinthians e São Paulo, mesmo jogando fora?' perguntou ele. 'Não,' respondi. 'E por que fizemos tantas partidas medíocres em casa, contra clubes de menor expressão, você sabe?' Desta vez, não tive tempo nem para pensar. 'É que ninguém quer jogar aqui, boleiros são mercenários e só se esforçam quando a Globo está por perto,' emendou.

Só não concordei porque esta hipótese passa longe dos meus princípios mais desprezíveis. Porque me recuso a acreditar em tamanha barbaridade. Mas confesso que me senti apreensivo, pois fazia sentido. Naquele momento, do presidente ao atacante, todos davam a entender exatamente aquilo.

Então veio a demissão de Geninho e seus agregados, as contratações de Paulo Baier, Waldemar Lemos, Ocimar Bolicenho e Riva Carli. Atitudes drásticas e necessárias, que ao menos serviram como injeção de ânimo.

A partida contra o Sport esteve longe de nos reascender as esperanças, mas valeu pela superação e espírito de equipe. Mais do que o tento que nos rendeu a primeira vitória no certame, a melhor imagem da transmissão pelo pague-para-ver foi a corrente formada pelos jogadores, depois do fim do jogo, em um gesto de união, longe dos holofotes.

Respirei aliviado. A teoria bizarra do fulano não fazia o menor sentido. Pura maldade.

PODEMOS TROPEÇAR, MAS NUNCA DESISTIR

Dona Sandra é diretora de uma escola particular há 34 anos. Como se não bastasse a relação de descaso dos governos com a rede pública de ensino, ainda se esforçam para atrapalhar a vida da Dona Sandra e dos que querem empreender honestamente. Só por amor mesmo, pelas crianças e pela esperança de um futuro melhor, que nunca chega.

Dona Sandra é a minha maior fã. Típica coisa de mãe.

Enfim, Dona Sandra adorou o que escreveu um aluno, mas não podia postar no blog da escola. Afinal, certas instituições devem evitar debates religiosos, políticos e futebolísticos, cujas preferências não se discutem por respeito ao próximo. Então me ligou Dona Sandra e sugeriu que eu publicasse nesta coluna, aqui na Furacão.com, o texto de Eduardo Kac. Aos 10 anos, o garoto demonstra reconhecer o valor de virtudes como resiliência e perseverança. Evidencia, acima de tudo, um amor pelo Atlético de dar inveja a muita gente grande. Afinal, só por amor mesmo, pelo Atlético e pela esperança de um futuro melhor, que nunca chega.

"O time que eu torço, o Atlético, no ano de 2009 empatou com o São Paulo, perdeu para o Vitória, Náutico, Flamengo e Atlético-MG. Eu já ia perdendo as esperanças, porque ele iria jogar com o Sport, lá em Recife, e a torcida lá faz tanta pressão quanto Os Fanáticos. Mas pensei: 'eu sou o torcedor que mais amo o meu time, e o meu amor é maior do que a torcida do Sport.' Acaba o primeiro tempo 0x0. Segundo tempo de jogo... É escanteio para o rubro-negro paranaense, Wesley para a cobrança... Rafael Santos cabecea e goooooooooooollllllllllll! É do Atlético Paranaense... Acaba o jogo e é vitória do Furacão, a torcida vibra muito! Eu aprendi uma coisa: podemos tropeçar, mas nunca desistir!"


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