Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Ambição

17/06/2009


Quais são, afinal, as nossas ambições? Optamos por permanecer estagnados no tempo, sem um grande investimento no futebol, nos contentando com zonas de agrião e comemorando lançamentos de vídeos com a conquista de fuga do rebaixamento, ou seremos definitivamente candidatos a clube de ponta, determinados a conquistas muito mais representativas dentro de campo?

Tapar buracos no time, ao meu ver, são atitudes que levam a crer que o clube, atualmente, está desprovido de ambições. O pensamento, bem como o planejamento, algo tão polêmico e dificilmente colocado em prática pela direção do Atlético, deve ser (ou deveria ser) mais consistente, mais agressivo, mais forte. Após a brilhante campanha de 2001 e um título incontestável, o máximo que conseguimos foi outra bela trajetória de vitórias em 2004, ofuscada pelas vaidades interiores, as quais mataram nossos planos e nos tiraram a taça.

Após isso, em 2005 tivemos um time guerreiro que precisava contrariar a tudo e a todos, inclusive os próprios dirigentes que não acreditavam naquele elenco. O resultado foi a nossa conquista moral da Libertadores, e só. A partir dali parece que desabaram as nossas ambições. Passamos a ser um time normal, previsível, muitas vezes bagunçado, principalmente devido a apostas erradas na comissão técnica, e por vezes escapamos da segunda divisão por um fio, especialmente pela falta de visão da direção de futebol e qualidade no elenco.

Hoje o torcedor atleticano está desconfiado. Não sabe se vibra com a conquista da Copa de 2014, ou reza para que até lá ainda façamos parte da elite do futebol nacional. Não sabe se acredita no novo técnico ou continua criticando a falta de um nome de peso no comando do time. O torcedor não sabe se espera para cobrar, ou cobra já, para ficar com a consciência tranquila antes do famoso “eu já sabia”, característica peculiar e exclusiva dos ditos corneteiros, mas que anda no “hall da fama” há pelo menos quatro anos, afinal são alertas constantemente transformados em pânico.

Por tudo isso e muito mais, estou vendo o Atlético “aceitar” a situação. O fato de alguém dizer “o time é este” ou “não contrataremos”, me causa arrepios. Vejo uma falta de ousadia incrível, um conformismo absurdo, como se tivéssemos, como grande missão, levar a vida em banho maria.

Continuo dando o meu voto de confiança ao técnico Waldemar Lemos, e nem o culpo por admitir que prefere observar e analisar o elenco antes de afirmar que precisamos de contratação. Mas será que não existe ninguém acima de Lemos que não enxergue o óbvio? Pelo menos a situação mais evidente: a de que precisamos contratar um lateral direito de ofício. No mínimo! Vamos de apostas mais quantas vezes? Depois não adianta culpar o fraco elenco do Atlético (talvez o elenco que estejam tornando razoável para fugir do rebaixamento, mais uma vez!) e criticar Marcinho, Julio dos Santos e Rafael Moura.

As necessidades do Atlético estão escancaradas, mas a nossa falta de ambição está nos destruindo.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.