Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Novo fato velho

09/06/2009


Geninho saiu do Atlético dizendo que o clube precisava de um fato novo – “Chega um momento em que algum fato novo tem de ser feito”, disse o técnico em sua despedida, após a goleada para o Atlético Mineiro, em plena Arena da Baixada.

O Náutico desmente, mas o Atlético já confirmou em seu site oficial: Waldemar Lemos é o novo técnico do Furacão.

Fato novo? Isso está mais com cara de fato velho.

Em 2002, o colega Sérgio Tavares Filho escreveu uma brilhante coluna, intitulada “Heriberto Teste-Drive”. Nela, analisava a política pés no chão do comando de futebol do clube, em se contratar apostas que podem dar certo, mas a história recente nos faz ter mais certeza de que darão errado. É aquela velha história, “se for bem, vai embora para outro grande time brasileiro que pague pela sua valorização. Se for mal, continua no 'box' esperando que alguém tenha coragem de chamá-lo para comandar uma equipe” – escreveu Tavares.

Teve o Heriberto Teste-Drive. Assim como antes já havia tido o Artur Neto Teste-Drive, o Flávio Lopes Teste-Drive, o Gílson Nunes Teste-Drive. Depois, tivemos ainda Casemiro Teste-Drive, Givanildo Teste-Drive, Roberto Fernandes Teste-Drive.

Até quando? Até quando vamos brincar de fazer futebol, apostar em incertezas, acreditar em apostas?

Confesso que tem horas que cansa. Cansa ver que cada fato novo é feito com receitas velhas, falidas.... fórmulas do insucesso.
Cansa ter que a cada hora quebrar a cabeça, pensar em novas formas de incentivo para um time que não nos dá (aos torcedores) o devido valor.
Cansa, a cada momento de desespero, ver jogadores sendo contratados às pressas para nos livrar do vexame de rebaixamento – como se brigar todos os anos para não cair não fosse vergonhoso.

Cansei de novos fatos velhos. Cansei de eternas apostas no comando do time. O Atlético merece respeito. Merece ser tratado com dignidade. Não podemos cobrar isso dos outros se em nosso próprio terreno ainda somos vistos como pequenos, modestos. A gente é do tamanho dos nossos sonhos. E os nossos sonhos são infinitamente maiores do que o tamanho de Ocimar Bolicenho e Waldemar Lemos.

Chega de pessoas vendo o nosso Atlético como um meio de ganhar status, prestígio, benefícios. Chega dessa política covarde, minimalista, que trata o Atlético como um clube minúsculo. Não somos vitrine. Somos um clube de futebol.

Chega. Cansa. Basta.


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