Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Fora do lugar

04/06/2009


Nem vou legislar em causa própria reclamando do que fizeram as arbitragens quando enfrentamos clubes maiores e mais tradicionais. A operação realizada em plena Arena da Baixada diante do Corinthians, mais uma vez beneficiado diante do Vasco pela Copa do Brasil, bem como o toque de mão de Washington e o gol impedido do São Paulo no empate no Morumbi já são coisas passadas, letra morta. Ontem no Couto Pereira, o jovem Ricardo Ribeiro de Minas Gerais mostrou como se opera um time sendo discreto.

Ao não marcar claras faltas para o alvi negro -juro não entender porque verdão (sic), quando me explicarem assim respeitosamente os chamarei-, dar as mesmas faltas para o adversário, não punir entradas duras do Internacional com a mesma facilidade com que distribuía cartões aos coxas, acrescendo somente um mísero minuto na 1ª etapa e acabar o jogo num lance em que desesperadamente o time centenário (o sem título, não o gaúcho) tentava o último ataque, ele irritou o torcedor, fustigou as chances do Coritiba em chegar as finais e mostrou claramente que voltamos no tempo, tanto com o incrível apequenamento da dupla Atletiba como da consideração em ajudar com o apito amigo os times considerados maiores no Brasil.

Pra mim o lance do gol de Adriano foi normal. Rhodolfo, o “craque Cristiano Rhodolfo”, aquele que não sobe de cabeça para não desmanchar o penteado foi como uma madame pra bola e o Imperador deu-lhe um leve toque tirando-o da bola e sacramentando a vitória do Flamengo. Repito que na minha ótica um lance normal de jogo, mas quantas e reiteradas faltas os árbitros não marcam em lances semelhantes, mas quando o protagonista é Rafael Moura? Quantas faltas do atacante Ariel somente os árbitros conseguem enxergar, não vendo a mesma coisa quando Ronaldo, Adriano, Washington ou Nilmar o fazem? Falta critério!

Outra coisa fora do lugar são as escalações de Geninho. Antes abro um parênteses: ainda acho que dos problemas que temos, ele é um dos menores. É improvável, para não dizer impossível que nunca nenhum treinador preste. Com esse elenco aí podemos mudar de treinador, termos um bom resultado a curtíssimo prazo nas primeiras três ou quatro rodadas, mais pelo tal “fato novo”, pelo novo discurso do que uma mudança verdadeira no time. Depois já sabemos o que vem: nova mudança, apoio do torcedor e contratações no afogadilho, ali por julho ou agosto para nos tirar da lama que nos enfiamos. Sem contar que causam-me náuseas imaginar o que a direção pode inventar de treinador para seu lugar, a escolher Bob Fernandes, Mestre Giva, Mário Sérgio Ponte de Paiva ou o picanheiro Co Vardão. Fecha-se parênteses.

No clube já desde o último trimestre do ano passado, com o batido e surrado discurso de que “a base é boa”, de que “esse elenco já deu mostras de superação” ou mesmo que “pressionado este time correspondeu” Geninho foi varrendo a sujeira pra debaixo do tapete e as vitórias contras fraquíssimas equipes do interior foram nos iludindo. Aliás, mais ou menos, visto Nacional, Jotinha e outros menos cotados terem nos vencido mesmo dentro de casa e ainda assim não termos contratado a contento e sequer termos batedores de falta decisivos, termos ao menos uma jogada de escanteio (adoro aquela batida curta que NUNCA resulta em nada) ou uma jogada de tabela, uma conclusão bem feita, mesmo que não resulte em gol mas que a gente comente “olha que jogadinha bem tramada” ou mesmo que nossa defesa não seja tão patética a ponto de sofrer mais de dois gols de todos os adversários de primeira divisão que enfrentamos, quer seja no Brasileiro, estadual ou na Copa do Brasil.

A insistência com alguns atletas que não correspondiam durou muito tempo. Hoje ele ainda insiste com Marcinho e Cristiano Rhodolfo. Ambos não são maus jogadores não, mas no mínimo estão em péssima fase. Outros, ainda que tenham ficado devendo, tiveram muito menos chance como Julio dos Sonos, Fransergio e Rafael Santos. A insistência num 3-5-2, esquema do qual sou fã confesso, mas sem líbero já se mostrou falha, além de perdermos um bom volante (Chico) e ganharmos um zagueiro razoável (o próprio Chico). Meio difícil entender, justificar e defender nosso carismático, porém desgastado Geninho.

Para finalizar, fora do lugar também é dizer que os garotos da base não subiriam esse ano, querer blindá-los e poupá-los, não colocá-los em pressão em partidas pelo estadual, cujo nível técnico é pouco superior ao futebol amador de Curitiba e dar a camisa pro moleque entrar na fogueira diante da torcida sem paciência com o time tendo levado virada em casa. Fora do lugar é achar que os meninos ainda não estão maduros para jogar diante do simpático Iguaçu da bela (e das belas) de União da Vitória e colocar o caboclo num Maracanã com quase a mesma população daquela cidade torcendo contra. Antes não podia, agora são a solução?

ARREMATE

Sem arremate em homenagem ao eterno monge Kwai Chang Caine, interpretado por David Carradine.


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