Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

O sorriso do pioneiro

01/06/2009


Quando chamamos alguém de visionário, parece que atribuímos a esse alguém a capacidade de ter visões do futuro, como se fossem flashes que de repente estouram em suas retinas, descortinando apenas para seus olhos o porvir. Seria uma definição pertinente, em sintonia com a aura sobrenatural que ganham essas pessoas quando o que um dia vislumbraram, se confirma.

Seria mais simples definirmos como obra de iluminação divina essa capacidade de ver o que ninguém viu, de mostrar o caminho que ninguém trilhou. Mas na verdade, estamos falando de trabalho, de preparo, de aptidão, de esforço, de renúncia e superação. E mais do que tudo, de uma confiança inabalável no que se acha certo, mesmo que todos digam que é louco, que suas idéias são insensatas, que seu projeto é megalomaníaco. Que sua fé no seu ideal seja entendida simplesmente como arrogância.

Hoje o estado do Paraná aplaude Mário Celso Petraglia e o considera um visionário. Nosso povo sequer sabe a exata dimensão da sua luta, do seu suor e de suas lágrimas. São coisas que só Mário Celso sabe. Ninguém pode imaginar como se sente um homem no fim de sua batalha, em que enfrenta não apenas a dúvida, a inveja e os interesses de outros, mas enfrenta também seus próprios demônios, que insistem em questioná-lo: por que você está fazendo isso? Por que seguir adiante? Por que desejar fazer o impossível?

O impossível aconteceu. O pequeno e acanhado Joaquim Américo de pouco mais de uma década atrás será a sede de uma Copa do Mundo, o evento mais importante do esporte mais importante para nós brasileiros. O Joaquim Américo é o núcleo de onde eclodirá uma onda de benfeitorias para a nossa cidade e para o nosso estado. Quem um dia teve nas mãos os pedregulhos de demolição do nosso velho estadiozinho, jamais iria imaginar que viveríamos um momento como esse. Isso estava apenas nos raciocínios de um homem.

Embora alguns hoje, mesmo nas fileiras Rubro-negras, se façam de cegos, surdos e mudos, a gente do Paraná reconhece a dimensão do trabalho de Mário Celso Petraglia. Sim, trabalho. Apenas trabalho. Nada de iluminação divina, nada de talentos sobrenaturais. Apenas a vontade de fazer diferente, apenas um intenso sentimento de que é preciso inovar sempre, apenas uma incansável busca por soluções e uma coragem que se encontra apenas nos grandes líderes. Nos grandes pioneiros.

Mário Celso comemorou essa conquista junto de sua grande obra, sob as vigas da construção que é um marco na história da nação atleticana e agora, de todo o povo paranaense. Cercado de pessoas que entendem a dimensão de sua obra. Cercado do mais bonito e mais raro sentimento humano, a gratidão.

Mas a principal comemoração, dever ter ocorrido em seu íntimo. Estouros de felicidade e fogos de emoção devem ter reverberado por sua mente. Flashbacks devem ter surgido e desaparecido em átimos, um após o outro. O olhar para trás que vem depois de uma missão cumprida. Sozinho, ele e ele mesmo, com o nó em seu peito desatado, Mário Celso perde o semblante quase sempre sério e de seu rosto irrompe um sorriso, que se alarga à medida que as imagens da luta vão fervilhando, uma a uma, em sua cabeça.

Vitorioso, realizado, envaidecido, humano, Mário Celso sorri. Um sorriso que só ele irá ver. E que só ele sabe o quanto mereceu.


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