Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Desculpa esfarrapada

16/03/2004


Podiam usar qualquer coisa como desculpa: pouco tempo entre os principais clubes do Brasil, falta de uma seqüência de boas apresentações nas edições do Campeonato Brasileiro, falta de títulos de projeção nacional. Mas, puxa, no tal (e já polêmico) ranking da Placar foram usar como desculpa para não incluir o Atlético entre os principais clubes do Brasil a ausência de torcida, justamente
o nosso ponto forte? Aí é sacanagem...

Lembro-me da primeira vez que fui num jogo do Atlético, com oito ou nove anos de idade. Na verdade, já tinha ido em outros, ainda na Baixada, mas minha memória não me permite lembrar desses bons tempos... Considero esse jogo contra o Toledo como sendo a minha “estréia”, pois é o primeiro que realmente lembro de ter ido. Encarei o mal-assombrado Pinheirão. Nosso time era formado por jogadores como Vica, Ratinho, Tico, Gilmar... Muito longe do Atlético dos meus sonhos. E, lógico, não foi essa “seleção de craques” que me conquistou. Foi a torcida! Parece que meu pai sabia qual seria fórmula para me tornar uma grande torcedora, fanática mesmo. E me colocou lá, no meio do povão, no meio do barulho. Foi amor à primeira vista!

Depois dessa experiência, não me permiti mais largar o Atlético e me filiei à torcida atleticana. Queria fazer parte daquilo tudo, ser mais uma a ajudar o Atlético, no grito, ser o melhor time do planeta. E conseguimos, porque no quesito fidelidade, originalidade, amor, ninguém supera os atleticanos.

Mas voltamos ao tal ranking. Parece que houve uma contradição na tentativa da Placar eleger o melhor time do Brasil. Se usaram o critério “qualidade” em todos os itens (patrimônio, categorias de base, planejamento, marketing e visão geral), porque usar “quantidade” num item que sequer foi avaliado – torcida? Acho que o Atlético jamais terá a pretensão de ser o time com maior torcida do Brasil – essa briga, deixamos para flamenguistas e corintianos. Queremos (e temos) a MELHOR torcida, assim como já temos o MELHOR estádio, o MELHOR CT, a MELHOR estrutura.

Para o Atlético, não quero o título de maior time do Brasil. Acredito ser impossível medir o tamanho de um clube, assim como é impossível medir o tamanho de uma paixão. Quero, sim, que o Atlético seja O MELHOR TIME DO BRASIL. E para isso, não preciso usar como base um ranking preconceituoso. Uso a lógica, que me mostra tudo aquilo que o Clube Atlético Paranaense conquistou nos últimos anos, abrindo anos-luz daqueles que se preocupam em ser apenas o maior. Se tiver que optar, prefiro qualidade em relação à quantidade. E, felizmente, é com essa tal qualidade que o Atlético está preocupado.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.