Rodrigo Abud

Rodrigo Abud, 45 anos, é jornalista. Já correu dos quero-queros na Baixada, justamente quando fez um lindo gol do meio de campo. Tarado por esportes, principalmente o bretão, é também alucinado por rádio esportiva.

 

 

A base da crise ou a crise na base?

19/05/2009


Existem coisas e situações que estão atreladas, momentos que para você aproveitá-los em sua plenitude precisa de um algo a mais. Tomar uma cerveja no bar é muito bom, mas acompanhado de uma linda companhia e um petisco fica ainda melhor. Assistir a um jogo na Baixada é sempre muito bom, fazê-lo acompanhado dos amigos e uma cervejinha fica ainda melhor. Simples, está bom, mas pode melhorar.

Acompanhei algumas informações sobre a questão financeira do Atlético. E está claro para o torcedor que o clube passa por um momento delicado, mas está longe de estar quebrado, como outras agremiações brasileiras. Aparentemente o rubro-negro adotou uma política de austeridade financeira, não fará grandes investimentos em reforços e com isso permanecerá com o futebol estagnado, tudo em virtude da dificuldade do clube em captar recursos atualmente.

Essa dificuldade apresenta duas grandes frentes que diminuíram nosso capital, são elas: ausência de um patrocinador master e a redução no número de atletas vendidos.

Sobre o primeiro ponto, o clube definiu seu valor (ponto de maior discussão) e isso acabou afugentando investidores que duvidavam da nossa força. Essa política foi adotada em 1996 e apresentou bons resultados, foi mantida e hoje o clube sente dificuldades em encontrar um parceiro. Certo ou errado, cada uma fará um julgamento, mas durante muito tempo a estratégia funcionou.

O segundo ponto, da venda de atletas é que se mostra vicioso.

Enquanto o clube apresentou boas equipes, revelou jogadores e consequentemente os revendeu, obtendo assim lucro e com isso equilibrou suas contas.

No ano passado o Atlético apresentou déficit de R$ 18 milhões, já que o clube vendeu poucos jogadores. A política da austeridade é importante, mas ao mesmo tempo torna-se perigosa já que coloca o futebol em segundo plano, depois controle financeiro.

O reflexo disso é que jovens revelações do elenco são colocados em uma situação de cobrança, algo natural para um clube do tamanho do Atlético, e aí pela falta de experiência, em razão da pouca idade, o clube acaba se privando de expor bons jogadores no mercado.

Jogadores como Rhodolfo, Chico, Renan e Netinho, apenas para citar alguns, são atletas de qualidade, embora discutível, mas com mercado para negociação, porém as mesmas emperraram junto com nossas pífias campanhas nos últimos anos.

Jovens atletas de atual elenco correm o mesmo risco. Fransérgio, Alex Sandro, Douglas Maia e Gabriel Pimba são atletas com qualidade para futuras negociações, mas que podem se tornar vítimas da falta de investimentos no time, na equipe, no simples plano da conquista de títulos.

Em momentos como esse o clube precisa definir qual o seu real objetivo, se apenas apostar na estrutura, ou se aposta no futebol e corre alguns riscos, mesmo sabendo que a formação de um grande time, ainda mais com vários jogadores formados em casa, trás um grande retorno financeiro. E aí, Atlético, o que faremos?


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