Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Estamos no caminho certo

08/05/2009


O sentimento por este time de futebol, que é mais que um time de futebol, chamado Atlético Paranaense, conhecido aos quatro ventos por Furacão, é grandioso, infinito. É diferente. Todos nós, rubro-negros de coração, sabemos disso. É como estar apaixonado para sempre. Mas este não é um texto sobre o dom de ser atleticano, nem mais uma exaltação ao nosso clube.

É sobre os efeitos colaterais desse amor. O Atlético mexe com nossos instintos, provoca as mais amargas tristezas e as mais doces alegrias. Como a vida de Roberto Carlos: são tantas emoções... Subimos e descemos os trilhos de uma montanha-russa. Cambaleamos com naturalidade entre o otimismo e o pessimismo. Eis, afinal, a essência do torcedor.

Abud escreveu sobre um certo comentarista de resultado. Nas vitórias, a análise é sobre o poder ofensivo e o inegável favoritismo. Nas derrotas, trata da fragilidade da defesa e prevê vexames homéricos. Este senhor é, na verdade, um grande fanfarrão. Ao se deixar levar pela balança da demagogia, perde a isenção jornalística e joga no lixo a própria credibilidade.

Ele e outros analistas esportivos, que vendem futebol, não têm o direito de mudar tão rápida e drasticamente de opinião. Nós, que compramos futebol, temos.

Semana passada, eu já havia rabiscado algumas ideias sobre a efemeridade no mundo do futebol. Nossas opiniões são transitórias e caducam rápido. Dependem do placar da última partida.

Virou contrassenso criticar o time após a comemoração de um título. Contrassenso maior é enaltecer virtudes depois de uma eliminação precoce.

Precisamos entender um trabalho de médio e longo prazo. Precisamos de paciência. Precisamos dar aos atletas, principalmente aos mais jovens, a oportunidade de errar. Precisamos aprender a enxergar o quadro geral.

Eis um bom exercício. Suponha que você viajou para bem longe. Ilha de Páscoa, digamos. Pegou um balão a gás e se mandou, no último trimestre do ano passado, um pouco antes de chegar o Geninho. Ficou lá, estudando a origem dos totens, sem notícias do Furacão, e acaba de retornar. Considerando tudo o que poderia ter acontecido neste período, você ficaria satisfeito ou decepcionado com a atual situação?

Depois da fascinante expedição imaginária, cheguei a uma conclusão. Respeito os que acham que vamos brigar para fugir do rebaixamento. Mas hoje, apesar da derrota para o Corinthians, podem me chamar de lunático. Acredito, com todas as letras: estamos no caminho certo.


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