Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Emblemático

04/05/2009


Emblemático este Campeonato Paranaense de 2009. Vários fatos que marcaram este certame refletem a realidade do futebol estadual.

Primeiro fato: o imbróglio jurídico

A já conhecida incompetência da Federação Paranaense de Futebol causou muita confusão quanto à interpretação do regulamento do campeonato de 2009. A entidade e o Coritiba ainda tentaram rasgar o que estava escrito, mostrando a despreocupação com a moralidade no futebol, mas felizmente a justiça prevaleceu pelas mãos do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

Segundo fato: mehor campanha

Podem falar o que quiser do regulamento. Que o "supermando" é injusto, que ponto extra é coisa do passado. Mas, em 2009, ao contrário dos últimos anos, o clube campeão foi o que teve a melhor campanha em todo o campeonato.

Mesmo na primeira fase, sem o "supermando", o Atlético esteve muito à frente dos seus adversários: foram 6 pontos de vantagem sobre o segundo colocado. E somando-se os pontos das duas fases, a diferença vai para oito pontos na classificação geral.

Tivessemos um campeonato estadual de pontos corridos, a hegemonia do Atlético seria gritante.

Terceiro fato: Tradição?

Muitas vezes escutamos que o Coritiba é o clube mais tradicional do Paraná. Mas afinal, o que é tradição? Velhice? Antiguidade? Tradição, ao meu ver, tem o clube que, além de antigo, sustenta a sua condição de vitorioso.

Pois o Coritiba, mobilizado para o seu centenário, inclusive com a contratação milionária de Marcelinho Paraíba, não conseguiu conquistar sequer o título estadual. Pior, não conseguiu sequer a segunda colocação, sendo superado pelo J. Malucelli, que não tinha ponto extra e nem os seis mandos de campo que tinha o Coritiba.

Restou o único consolo de ter vencido o Atlético na Baixada. Isto é tradição?

Quarto fato: torcida se mede no estádio

Sem maiores comentários. Corroborando todas as pesquisas, o Atlético teve a maior média de público, alavancada pelos mais de 20 mil sócios. E ainda tem quem brigue para dizer que tem a maior torcida...

Quinto fato: baixa qualidade técnica

O título veio e tem muito valor. A taça de campeão veio em boa hora, depois de quatro anos de jejum e sofrimento pela torcida atleticana. A torcida teve direito a fazer o que sabe de melhor: festejar com faixas, bandeiras e tudo mais, sem qualquer restrição de natureza política. Ao fim do jogo, as bandeiras passaram para as mãos dos jogadores, enfeitando ainda mais a festa e traduzindo a união entre time, diretoria e torcida, que há muito tempo era o desejo de todos atleticanos.

Porém, ficou claro que o nível técnico do campeonato foi baixo, e que, para o Brasileirão, o Atlético terá que se reforçar. Muitas das vitórias conseguidas ao longo do campeonato foram sofridas, na base da pressão da torcida, e no Brasileiro sabemos que só isso não vai bastar. É fundamental que o time seja reforçado com qualidade, para, aí sim, estar competitivo em nível nacional. É o que toda a torcida espera. Por enquanto, a hora é de comemorar.


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