Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Futebol é assim, efêmero assim

01/05/2009


Veja como é o futebol. Ronaldo volta ao Brasil e os corintianos fazem uma folia para comemorar. Ele, ainda um pouco gorducho, também faz uma folia. Aí perde alguns pneuzinhos, marca meia dúzia de gols e já dizem que está fino, jogando fino. Pedem vaga na seleção. Do dia para a noite, ou melhor, da noite para o dia, livra-se de um escândalo envolvendo transexuais e volta a ser o bom e velho Fenômeno, craque de bola, carismático, embaixador do Unicef. Futebol é assim, efêmero assim.

Veja como é o futebol. O Atlético tem a melhor campanha, o melhor ataque. Sempre dependeu só de suas próprias forças para ser campeão estadual. Bem ou mal, fez o que os outros clubes não conseguiram: sustentou do início ao fim esta condição. Mas depois de uma derrota em um clássico franco, onde qualquer resultado seria justo, transformam um time mediano no pior que já se viu (o Atlético) e outro time mediano no melhor que já se viu (o Coritiba). Futebol é assim, efêmero assim.

Veja como é o futebol. Cristian era horrível, Jorge Henrique era uma mentira, Morais não prestava. Aqui, só o pior deles conseguiu ser titular. O primeiro é pior que o Valencia, o segundo é pior que o Rafael Moura e o terceiro é pior que o Marcinho. Ainda não serviriam aqui, mas lá, aos olhos da maior torcida de São Paulo, são ídolos, peças chave do grande time do momento. Futebol é assim, efêmero assim.

Veja como é o futebol. Do dia em que voltou da série B até a atual condição de finalista do campeonato regional, o Corinthians ganhou a alcunha de melhor do Brasil. Como eu já disse, é o time do momento. Um verdadeiro timão, invicto e imbatível. Aí vem a Curitiba com força máxima, enfrentar o tal pior time que já se viu. Previsões de uma humilhação histórica ganham as ruas da cidade. De repente, depois de 60 minutos fantásticos, depois de um grande baile de bola, o Atlético já não era tão ruim quanto se pensava, e o Corinthians já não era tão bom quanto se pensava. Futebol é assim, efêmero assim.

Veja como é o futebol. 41 do segundo tempo e ainda estava três a zero. A classificação para a próxima fase da Copa do Brasil estava encaminhada. Os editores da Tribuna torciam para que não saísse o quarto gol, ou seriam obrigados a publicar outra capa estúpida. Aí o juizão resolveu interceder. Como num piscar de olhos, os gols de Cristian e Dentinho mudaram as perspectivas para a partida de volta. Futebol é assim, efêmero assim.


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