Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Momento fenomenal

29/04/2009


Já é quarta-feira e aquele gosto ruim do fim de domingo confunde minhas idéias, arranha a minha garganta e faz meus dedos titubearem no teclado. É a tal da linha tênue entre a revolta honesta e a crítica furiosa, sob o qual dá vontade de dizer poucas e boas ao elenco que entrou em campo na primeira oportunidade que tínhamos de ser campeões estaduais.

O momento é outro. Hoje receberemos o alvinegro paulista vindo para cá com a missão de nos tirar da Copa do Brasil desde já. Se o melhor jogador brasileiro vem ou não, desculpem-me os apaixonados pelo futebol dele (eu me incluo nessa), não tem importância. Sabem por quê? Porque é bem provável que consigam o intuito. A não ser que eles encontrem outro Altético.

O Geninho precisa deixar de ser pragmático ao manter jogadores e posicionamento que não funcionam em campo. Eu também tenho gratidão pelo elenco que terminou o campeonato de 2008 dando o sangue para não sermos rebaixados, mas daí a prejudicar o potencial do time por conta disso acho um pouco demais. Tudo bem ter gratidão, mas futebol é coisa de momento. Assim, analisando bem friamente, o ano de 2009 não tem sido do Julio Cesar. Talvez um tempo faça bem a ele e a nós. Principalmente porque se a gratidão é tanta assim, por que queimar o cara? Digo o mesmo a respeito do Netinho, que esta machucado. São dois jogadores sobre os quais não se pode colocar a alcunha de pernas de pau. Porém, estão irritando o torcedor e isso não faz bem para ninguém. Espero que eles se recuperem logo, de todas as formas possíveis e que não seja em jogos decisivos.

Já não posso dizer o mesmo do Jairo. Sinto em dizer que é um jogador que eu não teria no time. Não o conheço, não estou falando dele como pessoa (aliás, nunca fiz isso sobre nenhum jogador), estou falando do Jairo que não consegue chegar num jogador sem fazer falta, que não ganha bolas e que marca com o olho, como se adiantasse alguma coisa. Ora, o único que entortava colheres com o olho é o Uri Geller (o maiores de 35 lembram dele) e foi comprovado que era uma fraude. Meu mais latente desejo perante a teimosia do Geninho em escalar este jogador, diz respeito ao brio do Jairo. Gostaria que ele calasse a minha boca em campo. Só ressalto que apesar de torcer, não acredito que isto vá acontecer.

Agora, não escalar Julio dos Santos é um abuso da sorte. Por pior que ele e todos os outros jogadores (e técnico) tenham ido no Atletiba, absolutamente ninguém no elenco rubro-negro tem a qualidade do toque de bola e visão deste jogador. Fica aqui meu sincero protesto.

Quanto à defesa. Alguém deve dizer ao Rodolfo qual é sua posição. Reconheço que é bem bacana ser pró-ativo, mas alguém com sua desenvoltura e estatura tem de marcar, marcar, marcar e marcar. E quando for avançar, deve lembrar que existem outras pessoas que podem ajudá-lo a ser efetivo na posição que é contratado para jogar. Eu gosto do Rodolfo, mas ele está numa espiral de erros repetitivos. Digo o mesmo para o Chico. E aviso: Gustavo e Rafael estão prontos para ocupar o lugar que têm merecido. Para completar esta área: Galato querido, você é ótimo, mas cuidado para não ficar com fama de pipoqueiro. Precisa sair do gol, precisa ter mais agilidade e visão de jogo para bater tiro de meta. Chutão pra frente sem foco não dá!

Ainda sobre a postura do time com um todo. Geninho precisa orientar essa moçada. Essa coisa de deixar adversário jogar até seu campo de ataque, é só o Atlético que faz. Tem que marcar a saída de bola na defesa. Tem de correr para pegar rebote. Tem que por o pé na bola. E aí, um salve de mano para o meu ex-alvo preferido de críticas: Rafael está jogando muito. Só precisa de um assistente e quando o tem, faz gols típicos de quem ocupa sua posição. Só um alerta: Fique longe das batidas de pênaltis, por favor.

Para hoje à noite

Eu tenho confiança em uma única coisa: o Atlético cresce quando o adversário é bom. Com o time que temos, não acho que possa ser nada etéreo, uma experiência extra-sensorial. Acredito que vai ser mais por causa do selo do Atlético, que é a raça. Faz parte de nosso hino, da alma do clube. Faz parte de nosso grito, faz parte de uma torcida que nunca desiste, mesmo quando está em dificuldade.

O Ronaldo será referência em campo somente pelas superações históricas da sua vida. É uma pessoa que aproveita todas as oportunidades que tem, sabe de seu valor, corre atrás do que quer. É um belo exemplo, mas a tietagem para por aí. Ele e os outros dez jogadores são os homens a serem batidos. Homem como outro qualquer.

O fenômeno será o Atlético em campo. Este é o momento. Estou contando com isso.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.