Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Pela volta do povo

02/03/2004


Juro que já pensava no tema. Mas ao ler a coluna do jornalista André Rizek para a revista Placar, tive certeza que o tema merece uma análise mais aprofundada.

Já é tido como certo que os ingressos para o próximo campeonato brasileiro oscilarão entre R$ 20 e R$ 25. Caro, muito caro em relação ao poder aquisitivo da maioria da população que sofre com os reflexos de um arrocho financeiro e a estagnação da economia. A única diversão daquele que não tinha muitas condições financeiras está passando a ser programa da classe média e média alta.

Sempre há a comparação entre ir ao Estádio de futebol e ao teatro, por exemplo. Mas ninguém vai ver peças quatro vezes por mês. Futebol é povo, é alegria, é descontração. O público elitista que paga os atuais R$ 15 é aquele que acha que só porque pagou caro, pode reclamar de tudo. É a famosa “geração Arena”, que só comeu filé mignon (e não o pão com bife do Pinheirão), que nunca bebeu cerveja no pacote plástico e nem teve que rezar para que a TV passasse um mísero jogo do Atlético ao vivo. Hoje, quando se passam duas rodadas sem TV, já está todo mundo reclamando.

A maior prova de que o preço é um fator inibidor, foi o campeonato paranaense de 2000, quando havia a promoção de um jornal que subsidiava metade do preço e liberava a entrada de mulheres nas partidas. Jamais me esquecerei de uma partida contra o Malutron, quando mais de 20 mil pessoas “viraram” um jogo que estava 2 X 0 para o adversário. A paixão de um povo não pode ser cobrada, não pode ser fria como os números. Nem tudo é dinheiro. No meu caso, com ingressos custando 10% de um salário mínimo, com certeza terei que fazer uma das coisas que mais criticava : escolher os jogos que quero ir.

“Cadê a favela? Cadê o negão desdentado e bêbado que me abraça quando o Timão faz gol? O povão, personagem principal do futebol pentacampeão, estava inteiro do lado de fora, protestando.” Palavras do colunista André Rizek. E como disse um dos maiores atleticanos de todos os tempos, Jofre Cabral e Silva, “Não deixem meu Atlético morrer”.

O Atlético é do povo. Pela volta do povo rubro-negro, que os preços não sejam majorados!


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.