Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Incompetência

27/04/2009


Eu poderia escrever, aqui, da incompetência do bandeira, que deu um impedimento inexistente e impediu a virada atleticana no segundo tempo do Atletiba.

Eu poderia discorrer sobre a incompetência do funcionário do Atlético que deixou no ar, no site oficial, notícias prontas sobre um possível título antecipado, proporcionando material motivacional ao time adversário. As notas continham até mesmo declarações de jogadores na condições de campeões, o que revela que ou foram completamente irresponsáveis ao pedir este tipo de entrevista, ou estavam prontos para postar declarações inventadas. Simplesmente bizarro, absurdo, inaceitável. Os atleticanos estão esperando uma explicação formal pela diretoria.

Porém, ninguém foi mais incompetente que Geninho, neste episódio que culminou na pior derrota para o nosso maior rival dentro do nosso estádio.

Tudo começou com a escalação de Julio Cesar, em detrimento de Wallyson. O jovem atacante havia entrado bem nas últimas três partidas, marcando três gols e tendo sido considerado o melhor em campo na partida anterior, contra o ABC. Já Júlio Cesar não faz uma boa partida desde o início do Brasileiro de 2008, antes de se contundir. Não havia nenhuma explicação plausível para a escolha do treinador. Totalmente injustificável. Foi teimoso, incompetente e irresponsável.

Também não há explicação para a utilização de apenas um volante. Geninho passou o campeonato inteiro jogando com três zagueiros e dois volantes contra times fracos, do interior. Aí, resolve tirar um volante justamente no clássico, contra a única equipe de 1ª divisão do torneio, e que vinha como franca atiradora, já que não tinha mais nada a perder no campeonato. É simplesmente inexplicável.

Como resultado, o que se viu no 1º tempo foi um banho de bola. Nunca, na história do estádio Joaquim Américo, se tinha visto tamanho domínio do Coritiba sobre o Atlético. Um desgosto ao qual a torcida atleticana não merecia ser submetida.

No intervalo, Geninho resolveu apostar "all in". Fez logo três alterações, corrigindo seus erros de escalação na ala esquerda e no ataque, com a entrada de Márcio Azevedo e Wallyson. Mas resolveu ainda colocar Lima, gastando a última alteração a que tinha direito. O sangue novo fez o time ir pra cima e conseguir o empate, mas o time continuava desestruturado na defesa. E, como não podia mais alterar o time, Geninho assistiu o Coritiba explorar os espaços e marcar mais dois gols, castigando o torcedor atleticano que apoiava o time.

O pior foram as desculpas esfarrapadas. Além da pixotada do site oficial, Geninho comentou que foi prejudicial o sistema de som ter anunciado que o J. Malucelli perdera seu jogo, pois a torcida passou a empurrar o time para a vitória. É realmente 'genial': um treinador reclamar do apoio da torcida que coloca o time para o ataque, como se não fosse papel dele interferir e orientar o time para jogar com parcimônia.

Não há muitos técnicos brasileiros que eu considere melhores do que Geninho. Dos que estão disponíveis no mercado, não lembro de nenhum. Substituí-lo seria novamente apostar em nomes ainda sem experiência no futebol de ponta. Porém, quando os resultados negativos são decorrentes de teimosia e comportamentos inexplicáveis, o clima para a permanência do técnico pode ficar insustentável.

O título, que parecia óbvio, está em xeque. A irregularidade do time faz com que um tropeço diante do Cianorte não seja nada improvável. E aí, estaria armado o maior vexame da última década.


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