Bruno Rolim

Bruno Rolim, 42 anos, é bacharel de Turismo e jornalista. Filho de coxas, é a ovelha rubro-negra da família. Descobriu-se atleticano na final do Paranaense 90, com o gol do Berg. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2007.

 

 

Respeito é bom e nós gostamos

17/02/2004


Nestas últimas semanas, nosso querido Furacão nos presenteou com inúmeros fatos sobre os quais poderia tecer comentários: a volta triunfal de Washington, nosso Coração Valente; a campanha irretocável no torneio estadual, mantendo a invencibilidade e não tomando conhecimento dos adversários; a média de público que, apenas para manter o costume, está muito acima dos nossos rivais (um deles inclusive participando de uma Copa Libertadores, o que supostamente deveria trazer mais público); um técnico que sabe armar a equipe, não colocando lateral-esquerda na direita e volante na zaga, contra a sua vontade; o desempenho dos reforços, com destaque para Marcão e Ramalho. Mas uma leitura em um periódico esportivo de circulação nacional me chamou a atenção.

Esta coluna, publicada nesta segunda-feira no jornal Lance! pelo colunista Benjamin Back, ignora o fato do técnico Mário Sérgio estar ligado ao Atlético, já apostando em seu nome para assumir o comando do Corinthians, em crise técnica e política. Isto está neste trecho:

"Enfim, esse é o Corinthians de hoje. É fácil detonar o treinador, mas a culpa não é só dele. As vaidades estão à flor da pele no Parque São Jorge. Portanto, Mário Sérgio, que deverá assumir o time nesta semana, terá muito, mas muito trabalho pela frente".

Lamentável a postura deste colunista. Aliás, foi o mesmo que, quando da vitória do Atlético sobre o Corinthians por 3 a 1, no Brasileiro do ano passado, desdenhou da Arena e da drenagem do estádio, ignorando o fato de que o dilúvio que assolou a cidade naquele domingo teve uma intensidade impressionante, destelhando muitas casas (inclusive um estádio, o Pinheirão, acabou parcialmente destruído naquele fim de semana), sendo mais forte do que as fortes chuvas que assolaram o Brasil neste início de 2004.

Sr. Benjamin Back: acredito - aliás, acreditamos, visto que creio que este seja o ponto de vista do torcedor atleticano - que o Clube Atlético Paranaense mereça um pouco mais de consideração de sua parte. Foi-se o tempo em que o sonho do jogador do futebol paranaense era jogar nos ditos "grandes centros". Hoje em dia, a realidade é outra: normalmente os jogadores dos clubes paranaenses, quando vendidos, rumam direto ao futebol europeu - casos emblemáticos são o do atacante Lucas, vendido por US$ 21 milhões ao Stade Rennais francês e o meia Kleberson, vendido por US$ 11 milhões ao Manchester United. Por acaso o Corinthians teve alguma negociação nestes moldes?

Os clubes paranaenses - e aqui incluo nosso rival - não são mais um mero balcão, onde os clubes grandes podem dispor de nossos jogadores e técnicos a um simples estalar de dedos. Crescemos, temos uma grande estrutura: o Atlético, para seu governo, tem o estádio mais moderno do Brasil, um Centro de Treinamentos invejável, e o principal, nos dias atuais: planejamento.

Foi feita uma avaliação, a partir de agosto, pelo próprio Mário Sérgio, das virtudes e carências do elenco atleticano - e, a partir desta avaliação, realizadas as contratações. Vieram essencialmente volantes e um lateral-esquerda, visando suprir as maiores deficiências da equipe. Houve também uma pré-temporada desde o dia 2 de janeiro até o dia 2 de fevereiro, visando nivelar o condicionamento físico e técnico da equipe. Com isto, a intenção do Atlético em 2004 é alçar vôos mais altos, sendo a Libertadores da América o objetivo principal.

Honestamente, alguém acha que um homem inteligente e de caráter como Mário Sérgio trocaria uma equipe que realizou todo este projeto para este ano por outra que contratou jogadores sem critério algum, onde há um ambiente turbulento, com uma pressão insuportável por parte dos dirigentes e da própria torcida? "Estou iniciando o trabalho e aqui vivo num mar de tranqüilidade", assim resumiu bem nosso técnico, comparando o ambiente do Furacão com o que ele esperaria encontrar em São Paulo.

Portanto, Sr. Back, e outros jornalistas como Jorge Kajuru: mais respeito com o Clube Atlético Paranaense, vocês terão que aceitar um clube que vem para se estabelecer entre os grandes!


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