Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Espírito de grupo

06/04/2009


A noite deste Domingo, sem sombra de dúvidas, foi de Rafael Moura. Não só pelos três gols, ou pela raça de sempre que novamente demonstrou em campo, mas principalmente pela postura nas entrevistas do final do jogo. Rafael teve um ato de extrema hombridade ao sair em defesa do colega Netinho, que vem sendo alvo de cornetagens na Baixada. E não teve medo de dar um recado à torcida em geral: "antes do início do jogo, quando gritam o nome dos jogadores, se não for pra gritar o nome de todos eu acho que seria melhor não gritarem de nenhum."

Rafael tem total razão. Acho incompreensível que a torcida seja tão rápida em criticar determinado jogador, e dê apoio incondicional ao treinador, justamente quem o escala! Ninguém ganha nada com este tipo de perseguição; pelo contrário: o jogador fica hesitante e seu rendimento cai ainda mais, prejudicando o time como um todo. Por isso, a postura assumida pelo atacante é, além de corajosa, um ato de inteligência - que a torcida, infelizmente, não está tendo.

Geninho

Não pense o leitor que citei nosso treinador na intenção de criticá-lo. Pelo contrário, fico feliz que tenha conseguido melhorar o time nas últimas duas rodadas. A formação que terminou o jogo ontem parece ser a ideal, como eu mesmo já escrevera em 02 de março: "Seria interessante vê-lo [Julio dos Santos] no meio, avançando Marcinho para o ataque, ao lado de Rafael Moura".

O torcedor não pode se iludir. Geninho não é o treinador perfeito, mas, dentre os que estão ao alcance do Atlético, é disparado o melhor. Por isso mesmo, preocupa-me o declarado interesse do Grêmio em contratá-lo, o que não foi prontamente rechaçado pelo técnico. Espero que nada disso se concretize, pois se Geninho largasse o time no meio do campeonato, depois de todo o esforço financeiro que o Clube fez para mantê-lo, seria bastante decepcionante.

Toca Raul!

Confesso que não sou destes que acha que 'subir' os jogadores da base é a solução mágica para todos os problemas. Historicamente, esta prática tem mais queimado os jogadores, que viram alvos fáceis da torcida impaciente, do que revelado grandes craques.

Mas quando a própria torcida clama pela promoção dos jovens, é porque o momento é totalmente propício para a sua estreia. O clamor ontem pela entrada de Raul chegou a impressionar. E é fato que hoje há uma tendência irreversível, construída pelo mercado, de 'precocizar' a carreira do jogador - vide o exemplo do Manchester United, que ontem promoveu a estreia do jovem Macheda aos 17 anos, com um gol decisivo que valeu a vitória sobre o Aston Villa.

No Atlético, Fransérgio já mostrou que tem qualidade de sobra para atuar no time principal, potencial que Raul também parece ter. Espero que Geninho saiba conduzir a iniciação destas e de outras jovens promessas da melhor forma possível.


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