Daniel Machado

Daniel Lopes Machado, 46 anos, é empresário e consultor em sistemas de informação. Considera os versos da sexta estrofe do hino atleticano, escritos por um ex-jogador, imortalizado em uma espontânea demonstração de amor ao clube, a mais bela poesia de todos os tempos: "A tradição, vigor sem jaça... Nos legou o sangue forte... Rubro-negro é quem tem raça... E não teme a própria morte!" Foi colunista da Furacao.com entre 2008 e 2010.

 

 

Aos 85 anos, ao futuro

03/04/2009


O coração atleticano
estará sempre voltado
para os feitos do presente
e as glórias do passado


Mas o coração atleticano é tão grande, tão grande, que apesar das glórias do passado, apesar dos feitos do presente, ainda sobra espaço para sonhar o futuro.

Primeiro, brindamos ao passado. Semana passada foi aniversário do vovô mais enxuto da cidade e falamos do presente; hoje, é a vez do futuro.

A Arena da Baixada foi reconstruída em 99, mas só agora é que me dei conta. Como se o canteiro de obras e os caminhões de concreto significassem algo mais. Hoje, vejo as arquibancadas que se erguem lá do outro lado e ouço 40 mil vozes atleticanas, imagino gols e títulos.

Nosso Furacão apresentou o majestoso CT do Caju, também em 99. Desde então, aposta em um projeto de longo prazo, na consolidação de um centro de excelência na formação de atletas profissionais. Mas só ontem é que me dei conta, quando entrava no time o garoto Fransérgio, representante de uma nova geração vitoriosa.

Já há mais de dois meses descobri que vou ser papai. Mas só esta semana é que me dei conta, depois da confirmação do doutor: "É uma menina!" Só então pude imaginar a Maria Letícia, dondoca e espoleta ao mesmo tempo, usando os sapatinhos do Atlético.

É bom acordar e perceber que não estávamos sonhando. O futuro se manifesta todo dia, a toda hora. Por que tantas vezes teimamos em ignorá-lo?

Aos 85 anos do Furacão. Ao futuro.

LIÇÕES DE UM TROPEÇO INESPERADO

A trilogia dos 85 anos merece um adendo. Sinto-me na obrigação de comentar as duas primeiras partidas da segunda fase. Depois da derrota para o Malucelli e da recuperação diante do Paranavaí, ficam algumas lições:

1) Não podemos atuar com três zagueiros e dois volantes de contenção jogando em casa, muito menos em um campeonato paroquial esdrúxulo com supermando.

2) O time não pode ser tão apático. É nossa obrigação armar uma correria, sufocar os adversários no campo de ataque, pressionar a saída de bola desde o apito inicial, até abrir três de diferença.

3) La pelota es quien debe correr. Julio dos Santos juega un montón. Hay que ser titular enseguida. Un futbolista como él no puede quedarse sentado en el banco de suplentes, aunque tenga que ayudar a Valencia o a Jairo en la marca.

4) Cada um deveria fazer o que sabe, só isso, sem mais nem menos. Como dizia Seu Edmundo, avô de um ilustre conselheiro, "atacante serve para atacar e zagueiro para zagueirar". Bastou um pouquinho mais de cooperação e espírito de equipe para renascerem as esperanças. Com a licença de Nélson Rodrigues e Fernanda Romagnoli, não podemos nos sujeitar ao coletivismo furibundo.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.