Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Acordai, atleticanos!

30/03/2009


Chega de vistas grossas, é hora de acordar. Hora de olhar para o próprio nariz, perceber e "assumir" as próprias fragilidades e admitir, de uma vez por todas, que precisamos parar de esmurrar pontas de faca e definitivamente reforçar o time. Eu, que acreditei no início do ano que poderíamos tentar almejar alguma coisa com este elenco, ontem acordei do meu doce sonho. Pura ilusão, até porque competir e ganhar contra Rio Branco, Toledo ou Engenheiro Beltrão, com todo o respeito, não é parâmetro para um clube tão grande como o nosso.

Quem dera eu, após um longo período sem escrever, pudesse voltar a este espaço tão precioso e confortável, enaltecer o Atlético, comemorar a boa vitória contra o excelente time do Jotinha e estivesse hoje feliz da vida, com três pontos na tabela e mais dois de lambuja, quase que selando uma trajetória vencedora, coisa que até o término da primeira fase estava tão próximo dos nossos objetivos. Pois agora temos que jogar mais do que estamos jogando, e é justamente isso que preocupa milhares de atleticanos. Se ontem estávamos anos luz a frente até do time das inúmeras vilas, hoje estamos a frente apenas de alguns poucos que irão apenas figurar e cumprir tabela até o final do lambuzado campeonato paranaense criado pela federação mais incoerente do mundo.

Enganam-se aqueles que pensam que desejo um Atlético imbatível. Longe disso. Quero um Atlético guerreiro, em que na hora do "pega pra capar", mostra a sua força e como um rolo compressor não mede esforços para atropelar qualquer time de onze. Perder? Tudo bem, faz parte não apenas do futebol, o esporte mais belo do planeta, mas sim da vida, a qual não é feita só de alegrias e doce de brigadeiro. Viver requer esforço, valentia, ousadia, perseverança e muita, mas muita vontade de vencer. O Atlético deste início de segunda fase, não chegou nem perto de nos mostrar um time aguerrido, com bala na agulha, com o coração no bico da chuteira e com uma maturidade para fazer prevalecer a vantagem na reta final da competição. Não tem jeito, o nosso Atlético é ingênuo demais para lidar com vantagens. Parece mesmo uma sina.

Ainda dá tempo, é cedo demais para jogar a toalha, embora, repito, temos que nos desdobrar em campo, afinal de contas, o time do Malucelli do lado de lá provou aos outros ditos "menores" que aqui na Baixada "dá pra ganhar sim". E os outros chegarão mordendo, estejam certos disso. Portanto, é hora de perceber que o grito de "Lima, Lima, Lima" é pouco demais para clubes da nossa altura. É hora de perceber que Julio Cezar não precisa de mais setecentas chances para finalmente sentar no banco de reservas, e olhe lá. É hora de perceber que Netinho às vezes resolve, mas ele nunca foi lateral, não pode mais assumir essa responsabilidade e não pode, em hipótese alguma, ser "o único" batedor nas bolas paradas. É hora de parar de fazer experiências, como Zé Antonio no meio, sendo que este nunca se firmou, nem nas alas, nem no meio. É hora de parar de maquiar as coisas e fazer o simples, o básico, o certo. Precisamos começar do zero? Talvez.

O que não podemos engolir é que diante de uma safra de brilhantes jogadores como Raul, Willian, Fransérgio e Patrick, nós tenhamos que nos engasgar de raiva com um time que só tem Rafael Moura no ataque, e que vive de dias de lua de seus laterais. O Atlético merece muito mais do que isso, tenho absoluta consciência. É inconcebível que um time que tenha tudo na mão, seja tão ingênuo a ponto de pensar que apenas entrar em campo lhe garantiria o sucesso absoluto e os holofotes da vitória. Basta Atlético. Mais um ano para o ralo, nós não vamos engolir.

Perguntar não ofende:

- Alberto (com o maior respeito do mundo, até porque o admiro como pessoa e como profissional): até quando?
- Lima: não será pouco demais para quem almeja a segunda estrela de ouro em 2009? Lima é um cara que precisa "sobrar" no Atlético, mas não pode jamais entrar com a responsabilidade de resolver.
- Julio Cezar: mais quantos jogos será titular?
- Marcinho: vai mostrar a que veio?
- Julio dos Santos: quando será titular?
- Netinho: não seria a hora de dar lugar a Alex Sandro ou Márcio Azevedo? Pelo menos são laterais de ofício.
- Piazada que arrebentou na Copa SP: quando terão a primeira chance? Quando tiverem a idade do Julio Cezar? Temem que os meninos "tremam". E no último domingo, o maduro time não tremeu?
- Torcida: não podemos confundir um bom ambiente com panos quentes. Onde está a velha e boa torcida do Atlético, que cobra, que exige e que tem a imensa vontade de ver o Rubro-negro vencer?

Pergunta que pode ofender:

- Ano passado Ney Franco foi xingado e considerado por muitos o grande culpado por "entregarmos" o título. E este ano, quem será o culpado?

Acordai, atleticanos!


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